terça-feira, 1 de agosto de 2023

Segunda Guerra Mundial - 1939 A Conquista da Noruega e Dinamarca

 

Campanha  da  Noruega  e  Dinamarca
A  Conquista  da  Noruega  e  Dinamarca
A  conquista  da  Noruega

Na  noite  de  13  de  dezembro  de  1939,  o  Almirante  Raeder,  Comandante  da  Kriegsmarine,  teve  um  encontro secreto  com  Vidkun  Quisling.  O  líder  fascista  norueguês,  comunicou-lhe  que  os  ingleses  planejavam desembarcar  em  seu  país  e  propôs-lhe,  a  fim  de  frustrar  o  projeto  inglês,  apoiar  com  seus  partidários  a ocupação  da  Noruega  por  tropas  alemães.  Raeder,  entusiasmado  com  a  idéia,  transmitiu  imediatamente  a Hitler  a  proposta  de  Quisling.

O  ditador  recebeu  Quisling  a  14  de  dezembro  e  manteve  com  ele  uma  longa  reunião,  a  portas  fechadas.  Ao término  da  reunião,  Hitler  ordenou  aos  chefes  da  Wehrmacht  que  iniciassem  o  estudo  de  um  plano  de invasão  da  Noruega  e  da  Dinamarca.  No  momento,  entretanto,  não  deu  maior  importância  ao  assunto,  pois  a sua  atenção  estava  toda  concentrada  na  preparação  do  ataque  contra  a  França.

Devido  aos  sucessivos  adiamentos  da  ofensiva  na  frente  ocidental,  Hitler,  a  27  de  janeiro,  volta  ao  projeto  da Noruega  e  ordena  ao  marechal  Keitel  que  constitua  um  grupo  de  estudo  integrado  por  oficiais  das  três  forças armadas  e  um  representante  do  serviço  secreto.  Esta  pequena  equipe,  dirigida  pelo  almirante  Krancke,  deu início  ao  planejamento  da  operação  Weseruebung,  palavra  chave  que  designava  a  invasão  da  Noruega  e  da Dinamarca.  Seus  trabalhos  são  mantidos  em  sigilo  absoluto  e  realizados  sob  a  supervisão  de  Hitler.

Um  fato  inesperado  leva  Hitler  a  pôr  em  prática  a  invasão.  A  16  de  fevereiro,  um  destróier  inglês,  seguindo ordens  de  Churchill,  ataca,  em  águas  territoriais  norueguesas,  o  transporte  alemão  Altmark,  navio  auxiliar  do encouraçado  Graf  Spee,  que  conduz  a  bordo  300  marinheiros  aliados  capturados  no  Atlântico  Sul  e,  após  um curto  combate,  resgata  os  prisioneiros.  Ao  receber  a  notícia,  Hitler  ordena,  enfurecido,  que  Keitel  acelere  os preparativos  para  realizar,  o  quanto  antes,  a  operação  Weseruebung.

Na  manhã  de  21  de  fevereiro,  Hitler  recebeu  o  general  Nikolaus  von  Falkenhorst  e  lhe  confiou  o  comando das  forças  que  interviriam  na  invasão.  O  veterano  general  preparou,  nessa  mesma  tarde,  em  seu  quarto  de hotel,  um  esboço  do  plano  de  operações,  valendo-se,  na  ausência  de  mapas,  de  um  guia  turístico  da  Noruega. O  ataque  seria  feito  por  cinco  divisões,  cada  uma  delas  ocuparia  os  cinco  principais  portos  noruegueses: Oslo,  Stavanger,  Trondhein,  Bergen  e  Narvik.  Hitler  aprovou  o  projeto.

A  partir  desse  momento,  os  acontecimentos  se  precipitam.  A    de  março,  Hitler  determinou  as  diretivas finais  para  a  invasão  e,  dois  dias  depois  decidiu  que  o  ataque  contra  a  Noruega  teria  que  se  realizar  antes  da ofensiva  na  frente  ocidental.  Para  isto,  dispôs-se  a  aumentar  as  forças  de  Falkenhorst  até  um  total  de  nove divisões.  A  9  de  março  a  Marinha  terminou  o  seu  plano  de  operações  e  as  tropas  começaram  a  se  concentrar nos  portos  do  norte  da  Alemanha  e  na  fronteira  da  Dinamarca.  Tudo  estava  pronto  para  o  ataque.  Finalmente, na  tarde  de  2  de  abril  e  após  manter  uma  longa  reunião  com  Falkenhorst,  Raeder  e  Goering,  Hitler  fixou  a data  da  invasão:  9  de  abril,  às  5:20  da  manhã.

O  Plano  “Wilfred”

Enquanto  Hitler  terminava  os  planos  da  invasão  da  Noruega,  os  Aliados,  por  seu  lado,  resolviam  intervir  na Escandinávia  para  interromper  o  fluxo  de  ferro  para  a  Alemanha  através  do  porto  de  Narvik.

Paul  Reynaud  que,  a  20  de  março,  havia  substituído  Daladier,  à  frente  do  governo  francês,  converte-se  no principal  promotor  da  operação.  A  27  de  março,  viajou  à  Londres,  e  no  outro  dia  conseguiu,  na  conferência que  manteve  com  os  chefes  políticos  e  militares  ingleses,  convencer  Chamberlain  da  necessidade  vital  de minar  as  águas  costeiras  norueguesas.  Nesta  reunião,  porém  ficou  decidido  pôr  em  prática  o  plano  de Churchill  de  lançar  minas  fluviais  no  Reno,  para  interromper  a  navegação  fluvial  naquele  rio.  A  operação contra  a  Noruega  (Operação  Wilfred),  seria  novamente  adiada.

Ao  regressar  a  Paris,  Reynaud  submeteu  imediatamente  à  consideração  do  Gabinete  o  resultado  da conferência  de  28  de  março.  A  maioria  dos  ministros  e  o  presidente  da  República,  Albert  Lebrun.  se opuseram  terminantemente  ao  projeto  britânico  de  minar  o  Reno,  pois  temiam  que  os  alemães  como represália,  desencadeassem  a  guerra  aérea  contra  a  França.  Reynaud,  desalentado,  comunicou  logo  a  negativa de  seu  Governo  a  Chamberlain.  Este,  enfurecido,  retirou  então  o  seu  apoio  à  operação  Wilfred.  Para solucionar  o  conflito,  Winston  Churchill  viajou  para  Paris,  a  4  de  abril.  Após  discutir  o  assunto  com  Reynaud e  Daladier,  decidiu  abandonar  o  projeto  do  Reno  e  levar  adiante  a  operação  contra  a  Noruega.  Sem  mais demora  telefonou  a  Chamberlain,  a  quem  conseguiu  convencer,  a  poder  de  enérgicos  argumentos.  Resolveu- se,  em  conseqüência,  levar  à  prática  a  operação  Wilfred,  na  madrugada  de  8  de  abril.

Os  chefes  militares  aliados,  entretanto,  haviam  concordado  em  armar  uma  força  expedicionária,  para  ocupar os  portos  de  Narvik,  Stavanger  e  Trondheim,  se  os  alemães,  como  se  previa,  desembarcassem,  no  sul  da Noruega.  Posteriormente,  estas  tropas  cruzariam  a  fronteira  sueca  e  tomariam  as  minas  de  ferro  daquele  país. Enquanto  os  aliados  se  preparavam  para  a  operação  Wilfred,  navios  alemães,  cheios  de  soldados,  já navegavam  a  todo  vapor  rumo  às  costas  da  Escandinávia.

A  invasão:

Para  conquistar  a  Noruega,  a  Marinha  alemã  organizou  uma  força  de  ataque  integrada  pela  quase  totalidade de  seus  navios.  Esta  esquadra,  comandada  pelo  vice-almirante  Gunther  Lutjens,  dividiu  seus  efetivos  em cinco  flotilhas,  cada  uma  das  quais  transportando  as  tropas  de  assalto  do  Exército,  para  ocupar  os  portos  de Narvik,  Trondheim,  Bergen,  Kristiansand  e  Oslo.  A  conquista  do  porto  de  Stavanger  e  do  aeroporto  de  Sola, o  mais  importante  da  Noruega,  seria  realizada  por  pára-quedistas  e  tropas  aerotransportadas.

Uma  flotilha  de  proteção,  integrada  pelos  encouraçados  Gneuseneau  e  Schrnhosrt,  este  último  com  as insígnias  do  vice-almirante  Lutjens,  escoltaria  os  grupos  que  ocupariam  Narvik  e  Trondheim.  Para  assegurar o  abastecimento  nesses  portos  longínquos,  foram  enviados  para  ali,  antecipadamente,  sete  cargueiros  e  Três petroleiros.  Outra  frota.  integrada  por  15  grandes  barcos  mercantes,  transportariam  o  grosso  (50.000  homens) do  Exército  de  Von  Falkenhorst,  aos  portos  do  sul  (Bergen  e  Oslo),  logo  que  fossem  conquistados  pelas tropas  de  assalto.

Com  a  ocupação  dos  aeródromos  da  Dinamarca,  a  Luftwaffe  estaria  em  condições  de  estender  o  raio  de  ação de  seus  bombardeios  e  caças,  o  que  asseguraria  a  total  supremacia  aérea  alemã  sobre  o  sul  e  o  centro  da Noruega.

O  temerário  plano  alemão  de  invasão  baseava-se  fundamentalmente  na  surpresa  e  na  rapidez  com  que  fossem feitas  as  primeiras  ocupações.    9.000  soldados,  providos  exclusivamente  de  armas  portáteis,  compunham  a força  de  assalto  encarregada  do  ataque  inicial.

Na  madrugada  de  8  de  abril  de  1940,  os  aliados  puseram  em  marcha  a  operação  Wilfred.  A  essa  hora,  os embaixadores  da  Inglaterra  e  da  França  foram  recebidos  pelo  surpreendido  ministro  das  Relações  Exteriores norueguês,  Halvlan  Koht,  ao  qual  anunciaram  que  nesse  preciso  instante  uma  flotilha  de  destróieres britânicos  havia  começado  a  minar  a  entrada  do  porto  de  Narvik.  A  rota  do  ferro  estava  cortada.

Enquanto  os  ingleses  terminavam  a  colocação  do  campo  de  minas  nos  fiordes,  a  frota  alemã  do  almirante Lutjens  se  aproximava  a  toda  máquina  de  Narvik.

Na  manhã  do  dia  anterior,  7  de  abril,  aviões  de  patrulha  da  RAF,  haviam  avistado  a  vanguarda  da  frota alemã,  navegando  velozmente  para  a  costa  norueguesa.  Sem  demora,  uma  esquadrilha  de  bombardeiros Wellington  saiu  para  interceptá-la  e  às  13:25  horas,  avistou  os  barcos  alemães  e  se  lançou  ao  ataque.  Dois dos  aviões  foram  derrubados  pelo  fogo  antiaéreo  e  os  resto  voltou  às  suas  bases,  depois  de  procurar infrutiferamente  os  navios  de  Lutjens  que,  protegidos  pelo  mau  tempo,  lograram  escapulir-se  para  o  norte.

Às  19  horas,  e  depois  de  receber  a  notícia  do  ataque  dos  Wellington,  o  almirante  Forbes,  chefe  da  Home Fleet,  ordenou  que  seus  navios  saíssem  no  encalço  da  esquadra  alemã.  Os  grandes  couraçados  Rodney, Repulse  e  Valiant  abandonaram  o  ancoradouro  de  Scapa  Flow  e  se  dirigiram  a  costa  escandinava.  No  dia seguinte  foi  ordenado  aos  cruzadores  Glasgow  e  Devonshire,  que  se  unissem  à  frota  do  almirante  Forbes. Rapidamente,  foram  desembarcados  desses  barcos  os  soldados  britânicos  que  deveriam  partir  naquela  manhã

para  ocupar  o  porto  de  Stavanger  e  a  base  aérea  de  Sola.  Essa  medida  apressada  teve  funestas  conseqüências, pois,  permitiu  aos  pára-quedistas  alemães  tomar  o  vital  aeródromo,  sem  encontrar  resistência.

Os  alemães  em  Narvik  e  Trondheim:

Na  manhã  de  8  de  abril,  a  frota  de  Lutjens  topou  em  seu  caminho  com  o  destróier  Glowworm,  navio integrante  da  flotilha  britânica  postada  em  frente  a  Narvik.  Sem  demora,  dois  destróieres  alemães,  apoiados pelo  cruzador  Admiral  Hipper  o  atacam.  O  capitão  do  Glowworm,  ao  ver  que  não  teria  escapatória,  estendeu uma  cortina  de  fumaça  e  se  dirigiu,  a  toda  velocidade,  contra  os  inimigos.  Minutos  depois,  o  destróier britânico  batia  violentamente  contra  o  Admiral  Hipper,  abrindo-lhe  uma  grande  brecha  no  casco.  O  Hipper afastou-se  do  destróier  e  disparou-lhe  seus  canhões.  Às  9  da  manhã,  o  Glowworm,  destroçado  por  sucessivos golpes,  desapareceu  sob  as  ondas.  Mas  antes  tinha  dado  o  alarme  a  outros  barcos  ingleses.  Perto  de  Narvik,  o Almirante  Withworth  recebeu  o  pedido  de  auxílio  do  Glowworm.  Sem  perder  tempo,  reuniu  seus  barcos  e  se dirigiu  ao  sul,  para  cortar  o  caminho  aos  alemães.  Logo  após  o  afundamento  do  Glowworm,  o  almirante Lutjens  ordenou  ao  capitão  Heve,  comandante  do  Admiral  Hipper,  que  se  dirigisse  com  quatro  destróieres para  Trondheim,  para  ocupar  aquele  porto.

Perto  de  meia-noite,  a  flotilha  alemã  chega  à  entrada  do  fiorde  e,  após  enganar  os  guarda-costeiros noruegueses,  identificando-se,  mediante  sinais,  como  uma  frota  inglesa,  internou-se  no  canal.  Poucos quilômetros  adiante,  os  barcos  alemães  foram  bombardeados,  surpreendentemente,  por  uma  bateria  costeira. Responderam  rapidamente  ao  fogo  e,  ocultos  atrás  de  uma  cortina  de  fumaça,  continuaram  avançando.  Horas depois,  a  flotilha  atracava  nas  docas  de  Trondheim  e  procedia  ao  rápido  desembarque  de  1.700  caçadores  de montanha.  Em  poucos  minutos,  os  alemães  se  apossaram  da  cidade  sem  disparar  um    tiro.

Enquanto  o  Admiral  Hipper  se  dirigia  a  Trondheim,  o  Schsnhorst  e  o  Gneuseneau  prosseguiram  navegando para  Narvik,  junto  com  a  flotilha  de  destróieres,  comandada  pelo  capitão  Friedrich  Bonte.  Às  22:30  horas,  o almirante  Lutjens  ordenou  a  Bonte  iniciar  o  ataque.  Os  10  destróieres  romperam  a  formação  e  penetraram  no canal  Vestford  que    acesso  à  Narvik.

Cinco  destróieres  ficaram  na  retaguarda  e  desembarcaram  tropas  sobre  as  costas  do  fiorde;  as  naves restantes,  encabeçadas  pelo  Wilhelm  Heidkamp,  barco  insígnia  de  Bonte,  prosseguiram  até  o  porto  e,  depois de  escapar  aos  guarda-costeiros  noruegueses  Norde  e  Eidsvold,  atracaram  nas  docas  e  procederam  ao desembarque  do  resto  das  tropas.  O  chefe  da  guarnição  norueguesa,  coronel  Konrad  Sundlo,  entregou  a cidade  sem  lutar,  pois  pertencia  ao  grupo  de  traidores  partidários  de  Quisling.

Luta  naval  em  Narvik|:

Após  se  separar  da  flotilha  de  Bonte,  Lutjens  prosseguiu  navegando  a  toda  máquina  para  o  norte,  para distrair  os  barcos  ingleses  postados  frente  a  Narvik.  Na  madrugada  de  9  de  abril,  os  couraçados  alemães Gneisenau  e  Scharnhorst  entraram  em  combate  no  meio  de  uma  pesada  nevasca,  com  o  couraçado  britânico Renown  e  a  flotilha  de  destróieres  da  Capitão  Waburton  Lee.  Os  navios  alemães  receberam  alguns  impactos, mas  fugiram  ao  norte,  amparados  pela  tormenta.

Os  destróieres  ingleses  dirigiram-se  então,  a  toda  velocidade  para  Narvik.  Na  madrugada  de  10  de  abril,  a flotilha  chega  ao  fiorde  e  se  dispôs  a  iniciar  batalha  com  os  barcos  alemães.  Às  4:35  horas,  o  Hardy,  barco insígnia  de  Lee,  irrompeu  de  surpresa  no  porto  e,  com  uma  salva  de  torpedos  alcançou  a  nave  capitânia  de Bonte,  o  Wilhelm  Heikamp.  O  barco  alemão  incendiou-se  e  ficou  à  deriva.  Sobre  a  sua  coberta,  o  capitão Bonte  jazia  mortalmente  ferido.

O  combate  se  generalizou  rapidamente.  Os  ingleses  conseguiram  afundar  outro  destróier  alemão  e  logo afundaram  vários  cargueiros,  fundeados  na  baía.  Apareceram,  então,  surpreendentemente,  três  destróieres alemães  que  estavam  ocultos  num  fiorde,  ao  norte  de  Narvik.  Waburton  Lee,  confundindo  um  dos  barcos com  um  cruzador,  ordenou  a  seus  navios  empreender,  a  toda  velocidade,  a  retirada.  Entretanto,  antes  de chegar  a  alto-mar  foi  interceptado  pelos  alemães.

Em  poucos  minutos,  o  Hardy  foi  alcançado  por  torpedos  e  fogo  de  artilharia.  Um  projétil  explodiu  na  ponte de  comando  e  matou,  instantaneamente,  Waburton  Lee.  Rapidamente,  um  dos  oficiais  se  apossou  do  leme  e conseguiu  atirar  o  barco  sobre  a  costa.  Os  três  destróieres  ingleses  que  restavam  conseguiram  fugir  para  o mar.

Ocupação  dos  portos  do  Sul:

Na  manhã  de  9  de  abril,  uma  esquadrilha  de  trimotores  Junkers,  sobrevoou  a  aeródromo  de  Sola,  perto  do porto  de  Stavanger,  na  costa  sul  da  Noruega,  e  começou  a  lançar  centenas  de  pára-quedistas.  Os  alemães conseguiram  se  apoderar  do  aeródromo  em  poucos  minutos,  tendo  aniquilado  os  soldados  noruegueses  que tentaram  opor  resistência.

Reforçados  por  tropas  aerotransportadas,  os  pára-quedistas  cobriram  depressa  os  15  km  que  os  separava  de Stavanger,  e  tomaram  o  porto  sem  luta.  Três  cargueiros  alemães,  que  esperavam  ao  largo,  atracaram rapidamente  e  desembarcaram  armas  e  munições.  A  ocupação  do  aeródromo  de  Sola  teve  papel  decisivo  na campanha,  pois  permitiu  que  a  Luftwaffe  impedisse  a  ação  da  frota  inglesa  em  Bergen  e  Trondheim,  e assegurou  o  triunfo  das  forças  alemães  no  sul  e  no  centro  da  Noruega.

Nas  primeiras  horas  da  manhã  de  9  de  abril,  uma  flotilha  comandada  pelo  almirante  Schunmdt,  integrada pelos  cruzadores  Koln  e  Konisgberg,  o  navio-escola  Bremse  e  um  grupo  de  lanchas  torpedeiras,  conseguiu abrir  caminho  através  das  baterias  norueguesas  que  defendiam  a  entrada  de  Bergen  e  desembarcou  naquele porto  1.900  soldados.  O  Konigsberg,  porém,  foi  seriamente  avariado  no  curso  da  operação  e,  no  dia  seguinte, afundado  por  aviões  ingleses.

Na  tarde  de  9  de  abril,  chegou  a  Bergen,  a  flotilha  inglesa  comandada  pelo  almirante  Forbes,  o  qual  destacou um  grupo  integrado  por  4  cruzadores  e  7  destróieres,  para  bombardear  o  porto.  Os  aviões  alemães  que    se haviam  instalado  em  Sola,  prepararam-se  imediatamente  para  atacar  os  barcos  ingleses.  Ao  meio  dia,  os Stukas  iniciaram  a  sua  ação  e  deram,  assim,  inicio  à  primeira  batalha  aeronaval  da  História.  Muitos  barcos foram  atingidos  pelas  bombas  e  o  destróier  Gurkha  foi  afundado.  Era  o  primeiro  navio  inglês  que  sucumbia na  guerra,  sob  a  ação  de  aviões.  Às  20  horas,  o  almirante  Forbes  ordenou  a  seus  barcos  que  empreendessem  a retirada.

Mais  ao  sul,  o  cruzador  Krlsrune,  apoiado  pelo  navio-escola  Tsingtau  e  uma  flotilha  de  lanchas torpedeiras,  conseguiu  apoderar-se  do  porto  de  Kristiansand,  depois  que  os  Stukas  haviam  silenciado,  com bombas,  as  baterias  costeiras.

O  ataque  a  Oslo:

Às  23  horas  de  8  de  abril,  o  patrulheiro  norueguês  Pol  3,  avistou  na  escuridão  a  silhueta  de  um  navio  que navegava  velozmente  para  o  norte,  com  todas  as  luzes  apagadas.  Era  o  destróier  alemão  Albatros,  barco  de vanguarda  da  frota  de  invasão,  do  almirante  Kummetz.  Seu  objetivo:  Oslo.

O  capitão  do  pequeno  guarda-costeiro  alertou  imediatamente,  por  rádio,  ao  Comando  Naval  de  Oslo  e  se dirigiu  a  toda  contra  o  barco  inimigo.  Em  poucos  minutos,  cobria  a  distância  que  o  separava  do  Albatros  e investiu  violentamente  contra  um  de  seus  flancos.  Os  artilheiros  do  destróier  abriram  fogo  a  queima  roupa contra  o  Pol  3  e,  em  15  segundos,  o  enviaram  ao  fundo  do  mar.

Alertados  pelo  último  chamado  do  patrulheiro,  os  chefes  da  Marinha  norueguesa  ordenaram  às  baterias,  que defendiam  o  fiorde  de  entrada  de  Oslo,  que  se  preparassem  para  repelir  o  ataque  dos  barcos  alemães.  Nesse momento,  a  frota  do  almirante  Kummetz,  integrada  pelos  cruzadores  Blucher  e  Endem,  o  couraçado  Lutzow, cinco  destróieres  e  nove  rastreadores,  haviam  começado  a  subir  o  estreito  canal,  em  direção  à  capital  da Noruega.  Encabeçava  a  formação  o  Blucher,  barco  insígnia  de  Kummetz,  a  bordo  do  qual  viajava  também  o general  Engelbrecht,  comandante  da  força  de  assalto,  integrada  por  2.000  homens.

Às  4  horas  da  manhã  de  9  de  abril,  os  vigias  da  fortaleza  da  ilha  de  Oscarsborg  avistaram  a  frota  alemã.  O coronel  Erikson,  chefe  da  guarnição,  ordenou  que  se  abrisse  imediatamente  fogo,  com  os  poderosos  canhões de  280  mm.  Os  artilheiros  não  podiam  errar  o  tiro.  A  menos  de  900  metros,  avançava  lentamente  o  enorme Blucher,  oferecendo  um  alvo  perfeito.  A  primeira  granada  destruiu  a  torre  de  direção  de  tiro  do  cruzador  e incendiou  o  hangar  de  seus  aviões  anfíbios.  Pouco  depois,  ouviram-se  os  canhões  de  Oscarsborg  -  a  artilharia da  fortaleza  de  Kopas,  situada  na  margem  oposta  ao  fiorde.  Apanhado  entre  os  dois  fogos,  o  Blucher  não tinha  salvação.  Os  noruegueses  deram  o  golpe  de  misericórdia,  com  uma  descarga  de  torpedos.  Convertido em  imensa  fogueira,  o  Blucher  afundou  em  poucos  minutos,  sepultando  nas  águas  geladas  do  fiorde  mais  da metade  de  sua  tripulação.  O  almirante  Kummetz  e  o  general  Engelbrecht  conseguiram  nadar  para  a  costa  e foram  aprisionados  pelos  noruegueses.  O  ataque  naval  a  Oslo  havia  fracassado.

Às  9:30  horas  da  manhã,  o  rei  Haakon  VII,  acompanhado  por  seus  ministros,  sua  família  e  os  membros  do Parlamento,  abandonou  a  capital  e  dirigiu-se  para  a  cidade  de  Hamar,  situada  à  cerca  de  200  km  ao  norte  de Oslo.  Atrás  da  comitiva  partiu  uma  frota  de  caminhões  levando  todo  o  ouro  do  Banco  da  Noruega  e  os documentos  secretos  do  governo.

Ao  ter  notícia  da  derrota  sofrida  pela  esquadra,  o  embaixador  alemão  enviou  mensagem  urgente  a  Berlim. Sem  demora,  foi  enviada,  então,  uma  esquadrilha  de  transportes  Junker  carregada  de  soldados  ao  aeródromo de  Fornebu,  perto  de  Oslo.

Ao  meio-dia  e  apesar  do  mau  tempo,  cinco  companhias  de  pára-quedistas  e  tropas  aerotransportadas  haviam conseguido  desembarcar  em  Fornebu.  Aproveitando  a  confusão  e  o  pânico  reinante  em  Oslo,  essa  reduzida força,  precedida  por  uma  improvisada  banda  de  música,  entrou  marchando  tranqüilamente  na  Capital  e  se apossou  de  todos  os  pontos  estratégicos,  sem  disparar  um    tiro.

A  Dinamarca  sucumbe:

Simultaneamente  ao  ataque  à  Noruega,  os  alemães  levaram  a  cabo  a  ocupação  da  Dinamarca.  A  operação  foi rápida  e  fácil.  Na  madrugada  de  9  de  abril,  entrou  surpreendentemente  na  baía  de  Copenhague  o  cruzador- auxiliar  Hansestrat  Danzig,  escoltado  por  dois  patrulheiros.  O  barco  passou  sem  dificuldades  pela  baterias  do forte  que  guardavam  o  porto  e  foi  atracar  junto  ao  molhe  de  Langelinie,  bem  junto  ao  centro  da  cidade.

Enquanto  as  tropas  desembarcadas  no  navio  ocupavam  a  capital,  forças  motorizadas  da  Wehrmacht  cruzaram a  fronteira  dinamarquesa  na  Península  da  Jutlândia  e  se  apropriaram,  sem  achar  maior  resistência,  das principais  cidades  e  aeródromos  do  país.  Três  flotilhas  da  Marinha  alemã  por  sua  vez,  tomaram  os  portos mais  importantes.

Em  Copenhague,  os  soldados  da  guarda  real  ofereceram  uma  breve  resistência  às  tropas  alemães.  Trocaram- se  alguns  disparos  e  uma  das  sentinelas  do  palácio  morreu  na  refrega.  Finalmente,  o  rei  Christian, considerando  que  toda  a  resistência  era  inútil,  ordenou  ao  comandante-chefe  do  exército,  general  Pyor,  que depusesse  as  armas.

A  ousada  operação,  que  custou  aos  alemães  apenas  a  perda  de  20  homens  entre  mortos  e  feridos,  permitiu  à Luftwaffe  ocupar  os  estratégicos  aeródromos  da  Dinamarca,  dos  quais  haveria  de  realizar  as  operações  da Wehrmacht  no  sul  e  no  centro  da  Noruega.

O  contra-ataque  dos  Aliados  fracassa:

Enquanto  o  grosso  das  forças  de  von  Falkenhorst,  desembarcadas  em  Oslo,  avançava  para  norte,  para completar  a  conquista  da  Noruega,  os  Aliados  se  preparavam  para  enviar  um  corpo  expedicionário,  destinado a  apoiar  as  tropas  norueguesas  que  resistiam  no  centro  do  país.

Como  base  de  operações,  foi  escolhido  Trondheim.  Este  porto  havia  sido  ocupado  de  surpresa  por  uma flotilha  alemã,  na  manhã  de  9  de  abril  e,  nos  dias  subseqüentes  havia  sido  aumentada  mediante  o  envio  de tropas  aerotransportadas.  Além  disso,  a  Luftwaffe  havia  instalado  próximo  ao  aeroporto  de  Voernes  suas esquadrilhas  de  Stukas.

A  fim  de  desalojar  os  alemães,  os  Aliados  planejaram,  inicialmente,  realizar  um  ataque  naval  contra  o  porto, apoiado  pelo  desembarque  de  tropas  em  Namsos  e  Andalsnes,  situadas  respectivamente  ao  norte  e  ao  sul  da estratégica  base.  Depois,  no  entanto,  o  Almirantado  britânico,  decidiu  abandonar  o  ataque  naval  devido  à superioridade  aérea  alemã  na  região.  Assim,    executou  a  fase  terrestre  da  operação  contra  Trondheim.

Na  manhã  de  20  de  abril,  os  Stukas  realizaram  uma  série  de  violentos  bombardeios  contra  Namsos  e destruíram  a  quase  totalidade  dos  abastecimentos  e  munições  do  corpo  expedicionário.  Nesta  noite,  a guarnição  alemã  de  Trondheim  dispôs-se  a  realizar  um  contra-ataque.  A  bordo  de  um  destróier  escoltado  por rastreadores,  400  soldados  foram  conduzidos  ao  largo  da  costa  e  desembarcaram  de  surpresa  na  retaguarda das  tropas  inglesas.  Ao  amanhecer,  a  Luftwaffe  apoiou  o  ataque,  junto  com  a  artilharia  dos  navios.  Temendo que  suas  forças  fossem  cercadas,  o  general  Carton  de  Wiart  ordenou  a  retirada.  O  ataque  aliado  ao  norte ficou,  assim  paralisado.

Ao  sul,  o  desembarque  inglês  começou  a  18  de  abril.  Nesse  dia,  uma  brigada  comandada  pelo  general Morgan  desceu  à  terra  no  porto  de  Andalsnes  e,  dirigiu-se  à  Dombas,  estratégico  entroncamento  ferroviário, que  controlava  as  comunicações  entre  Trondheim  e  Oslo.  Sua  missão  era  apoiar  as  forças  norueguesas comandadas  pelo  general  Ruge,  que  lutavam  desesperadamente  contra  os  alemães  na  região  de  Lillehammer.

Diante  da  insistência  do  adido  militar  britânico  na  Noruega,  o  general  Morgan  decidiu  enviar  imediatamente suas  forças  a  Lillehammer.  Os  soldados  ingleses,  em  sua  maioria  recrutas  sem  maior  instrução  militar, transportaram-se  em  trem  àquela  cidade,  onde  chegaram  a  20  de  abril.  Nesse  mesmo  dia,  foram  atacados  por uma  divisão  alemã  apoiada  por  forte  artilharia  e  unidades  de  esquiadores.  Envolvidos  pela  evidente superioridade  alemã,  os  ingleses  abandonaram  Lillehammer  a  22  de  abril  e  se  retiraram  apressadamente  para o  norte,  junto  com  os  noruegueses.

Sem  lhes  dar  trégua,  os  alemães  os  perseguiram  e  a  23,  com  uma  manobra  envolvente  através  das montanhas,  conseguiram  cercar  grande  parte  da  brigada.  No  dia  seguinte,  os  soldados  britânicos  haviam perdido  a  metade  de  seus  efetivos.  Uma  nova  brigada  inglesa  havia  desembarcado  durante  a  noite  em Andalsnes,  o  que  permitiu  organizar  uma  linha  defensiva,  a  poucos  kms  ao  sul  de  Dombas.

Na  tarde  do  dia  23,  o  general  inglês  Paget  tomou  o  comando  de  todas  as  tropas  que  operavam  ao  sul  de Trondheim.  Sem  demora,  entrevistou-se  com  o  general  norueguês  Rugé,  que  lhe  comunicou  que  suas  tropas haviam  chegado  ao  limite  da  capacidade  e  resistência.  Paget  compreendeu  que  tudo  estava  perdido. Apoiados  pelos  constantes  bombardeios  dos  Stukas,  os  alemães  haviam  conseguido  quebrar  a  resistência  da nova  brigada  inglesa  e  marchavam  aceleradamente  para  Dombas.

Enquanto  as  tropas  franco-britânicas  eram  rechaçadas  pelos  alemães  ao  sul  e  ao  norte  de  Trondheim,  os dirigentes  aliados,  Chamberlain  e  Reynaud,  reuniram-se  a  27  de  abril,  em  Londres,  para  decidir  o  futuro  das operações  na  Noruega.  Chamberlain  declarou  resolutamente  ao  chefe  do  Governo  francês  que  havia  decidido retirar  as  forças  britânicas  de  Namsos  e  Andalsnes,  pois,  a  absoluta  supremacia  aérea  alemã  no  sul  e  no centro  da  Noruega  tornava  impossível  a  continuação  do  ataque  contra  Trondheim.  Reynaud,  abatido, conformou-se  com  a  resolução  do  primeiro  ministro  britânico.

A  28  de  abril,  foi  dada  a  ordem  de  evacuação  das  tropas  de  Namsos  e  Andalsnes.  No  dia  seguinte,  o embaixador  britânico  comunicou  ao  rei  Haakon  a  notícia  e  convidou-o  a  trasladar-se  para  o  porto  de  Tromso, situado  na  extremidade  norte  da  Noruega.  O  monarca  concordou  e,  na  mesma  tarde,  embarcou  no  cruzador inglês  Glasgow,  seguido  de  seus  ministros  e  dos  embaixadores  aliados.  As  forças  aliadas  abandonaram Andalsnes  a    de  maio  e,  dias  depois,  evacuaram  Namsos.

A  Batalha  de  Narvik:

Em  Narvik,  os  aliados  haveriam  de  jogar  a  sua  última  cartada,  para  manter  a  cabeça  de  ponte  em  território norueguês.  Após  o  renhido  combate  naval  travado  a  10  de  abril  diante  daquele  porto,  transcorreram  três  dias de  calma.  O  general  alemão  Dietil  aproveitou  a  pausa  para  consolidar  as  defesas  e  enviou  ao  norte  uma coluna  de  soldados,  para  ocupar  o  aeródromo  de  Bardufoss,  o  único  campo  de  aterrissagem  existente  em  toda a  região.

A  13  de  abril,  ao  meio-dia,  penetrou  no  fiorde  de  Narvik  uma  flotilha  inglesa,  integrada  pelo  velho couraçado  Warspite,  barco  capitânia  do  almirante  Whitworth,  e  nove  destróieres.  Esta  força  contava  também com  o  apoio  do  porta-aviões  Furious.  No  interior  da  baía,  aguardavam  o  ataque  os  oito  destróieres sobreviventes  da  flotilha  do  capitão  Bonte.

A  superioridade  inglesa  permitiu  obter  uma  vitória  fácil,  apesar  da  encarniçada  resistência  oposta  pelos marinheiros  alemães.  Quatro  destróieres  alemães  foram  afundados  e  os  restantes  refugiaram-se  num profundo  e  estreito  fiorde,  onde  seus  tripulantes  os  abandonaram,  descendo  a  terra  e  se  unindo  às  tropas  de Dietl.  Pela  tarde,  a  frota  britânica  era  dona  das  águas  de  Narvik.  No  entanto,  o  almirante  Whitworth  não  pôde ocupar  o  porto,  pois,  carecia  de  tropas  de  desembarque.  Enviou,  então,  uma  mensagem  urgente  ao  almirante Cork,  chefe  das  forças  navais  que  operavam  em  Narvik,  solicitando  uma  força  de  assalto,  para  terminar  a conquista  de  Narvik.

A  15  de  abril,  o  general  Mackesy  desembarcou  a  sua  brigada  na  ilha  de  Hinnoy,  situada  ao  norte  de  Narvik,  e estabeleceu  ali  a  sua  base  de  operações.  No  mesmo  dia,  o  almirante  Cork  entrevistou-se  com  Mackesy  e  o incitou  a  lançar-se  imediatamente  ao  ataque  contra  Narvik.  O  general,  no  entanto,  negou-se  a  isso.  De  acordo com  seu  plano,  a  operação  devia  se  realizar  ordenadamente  e  por  etapas,  logo  que  os  britânicos  tivessem  sido reforçados  pelos  franceses  e  noruegueses.

Enfurecido  pela  cautelosa  passividade  de  Mackesy,  Churchill  designou  o  almirante  Cork,  comandante-chefe de  todas  as  forças  destacadas  em  Narvik  e  ordenou-lhe  que  bombardeasse  o  porto  com  a  esquadra,  para obrigar  a  rendição  alemã.  Em  24  de  abril,  os  barcos  ingleses  bombardearam  Narvik  violentamente,  durante mais  de  três  horas,  enquanto  um  batalhão  de  soldados  irlandeses  mantinha-se  pronto  para  desembarcar,  ao menor  sinal  de  desfalecimento  dos  alemães.  Estes,  no  entanto,  escaparam  sem  dificuldades  aos  efeitos  do bombardeio,  dispersando  suas  forças.

Em  Berlim,  a  notícia  do  desembarque  aliado  em  Narvik  provocou  um  intenso  alarme.  Hitler,  tomado  de pânico,  ordenou  aos  chefes  da  Wehrmacht  que  organizassem  a  imediata  evacuação  aérea  das  tropas  de  Dietl, operação  totalmente  irrealizável,  pois,  não  havia  em  Narvik  nenhum  aeródromo.  Realizaram-se,  então, esforços  desesperados  para  reforçar  Dietl.  No  dia  13  de  abril,  12  transportes  Junker,  carregados  com  uma bateria  de  canhões  de  montanha,  realizaram  uma  acidentada  descida  na  superfície  de  um  lago  gelado. Nenhum  dos  aparelhos  pôde  regressar,  porque  todos  ficaram  com  os  trens  de  aterrissagem  destruídos.

A  27  de  abril,  chegou  a  Narvik  o  Corpo  de  caçadores  alpinos  franceses,  comandado  pelo  general  Bethouart. Este  sem  demora,  apressou  o  general  Mackesey  a  lançar-se  o  quanto  antes  ao  ataque  contra  o  porto,  mas, encontrou  a  obstinada  negativa  do  chefe  britânico.  Não  obstante,  fatos  novos  iriam  forçar  Mackesy  a  pôr  de lado  sua  decisão.

Ao  sul  de  Narvik,  um  poderoso  Exército  alemão,  integrado  por  mais  de  40.000  soldados,  havia  derrotado  as reduzidas  forças  inglesa  que  lhe  barrava  o  caminho  e  avançava  em  marcha  forçada  para  auxiliar  as  tropas  de Dietl.  Por  isso,  era  necessário,  conquistar  Narvik  o  quanto  antes.

No  dia  7  de  maio,  Mackesy  então  concordou  com  o  ataque  e  Bethouart  apressou-se  a  ocupar  a  península  de Oijord  situada  ao  norte,  em  frente  a  Narvik.  Poucos  dias  antes,  suas  tropas  haviam  sido  reforçadas  por  um corpo  da  Legião  Estrangeira  e  uma  brigada  polonesa.  Na  madrugada  de  13  de  maio,  três  batalhões  de legionários  realizaram  o  desembarque  e,  no  dia  seguinte,  completaram  a  conquista  da  península,  apoiados pelas  unidades  de  caçadores  alpinos  e  noruegueses  que  avançaram  do  norte.  Simultaneamente,  a  brigada polonesa  atacou  o  porto  de  Ankenes,  situado  ao  sul  de  Narvik,  na  margem  do  fiorde  Beis.

Enquanto  as  tropas  aliadas  realizavam  esta  operação  e  se  preparavam  para  o  ataque  final  contra  Narvik,  as divisões  da  Wehrmacht  iniciavam  na  França,  Holanda  e  Bélgica,  a  devastadora  ofensiva  que  culminaria  com o  cerco  do  grosso  do  exército  franco-britânico  em  Dunquerque.  Os  dirigentes  aliados,  em  conseqüência, enviaram  ao  almirante  Cork,  a  24  de  maio,  a  ordem  de  evacuar  todas  as  tropas  que  combatiam  na  Noruega, para  enviá-las  ao  território  francês.

A  26  de  maio,  Cork  comunicou  ao  general  Bethouart  a  ordem  de  evacuação.  O  chefe  francês  pediu autorização  para  terminar  o  ataque  contra  Narvik,  antes  de  empreender  a  retirada.  Assim,  os  aliados salvariam,  mediante  uma  última  vitória,  a  honra  de  suas  armas.  Cork  cedeu  ao  pedido  e,  sem  demora, prepararam-se  os  barcos  e  as  tropas  para  realizar  o  desembarque.

À  meia-noite  do  dia  27  de  maio,  três  batalhões  da  Legião  e  um  norueguês  cruzaram  em  pequenos  barcos  o estreito  canal  que  separa  a  ponta  da  península  de  Oijord  de  Narvik  e  atacaram  o  porto.  Depois  de  manter encarniçados  combates  com  os  alpinos  de  Dietl,  conseguiram,  ao  amanhecer  conquistar  a  cidade  destruída.

Ao  sul,  os  poloneses  depois  de  aniquilar  a  guarnição  de  Ankenes,  avançaram  para  leste,  bordejando  a  costa do  fiorde  de  Beis  e  a  29,  pela  madrugada,  fizeram  contato  com  os  legionários  franceses  vindos  de  Narvik. Após  esta  união,  os  aliados  atacaram  o  povoado  de  Silvik,  onde  Dietl  havia  estabelecido  seu  posto  de comando.  A  2  de  junho,  os  poloneses  tomaram  todas  as  colinas  que  dominavam  a  posição  alemã.  Foi    que Bethouart  deu  ordem  para  deter  a  ofensiva.

Dias  depois,  a  7  de  junho,  o  rei  Haakon  embarcou  no  Devonshire  com  o  corpo  diplomático  e  o  príncipe herdeiro.  No  dia  8  de  junho,  às  23  horas,  o  Corpo  Expedicionário  Aliado  tinha  abandonado  a  Noruega.

Anexo

Capturem  o  Altmark

Dia  17  de  dezembro  de  1939.  Montevidéu.  Uruguai.

As  parias  e  as  docas  estão  lotadas  de  pessoas  silenciosas  e  na  expectativa.  Nos  terraços  dos  edifícios  mais  altos,  muita gente  observa  com  binóculos.  O  espetáculo  é  raro.  Não  se    diariamente  a  sadia  de  um  couraçado,  que  vai  para  a batalha.  Logo  depois,  inesperadamente,  tudo  acaba.  Uma  violenta  explosão  sacode  a  cidade  inteira  e  o  couraçado estremece,  ferido  de  morte.  O  Graf  Spee,  couraçado  alemão  de  bolso,  de  10.000  tons,    não  existe.  Em  seu  lugar,  há uma  massa  confusa  de  ferros  retorcidos  que  submerge  no  rio  da  Prata.  Mas  o  almirantado  britânico  sabe  que  o  Graf Spee  não  estava  só.  Outro  navio  o  acompanhou  durante  toda  a  campanha.  E  nele  se  encontram  centenas  de  tripulantes de  barcos  afundados.  Iludindo  o  cerco  feito  ao  Graf  Spee,  seu  companheiro  conseguiu  fugir.  Onde  está?  É  tarefa  do Almirantado  descobri-lo.  E  todos  os  recursos  são  usados  na  tarefa  de  encontrar  o  Altmark,  navio-auxiliar  do  Graf  Spee. Noruega.  14  de  fevereiro  de  1940.  O  adido  naval  adjunto  francês,  tenente  Kermarree,  conversa  com  marinheiros noruegueses.  A  conversa  é  seguida  atentamente  pelo  adido.  E  sua  perspicácia  é  premiada.  Um  dos  capitães  conta  ter navegado  todo  o  tempo  nos  fiordes,  perto  de  um  barco  muito  parecido  com  o  Altmark.  Na  verdade,  “está  seguro  de  que se  tratava  dele”.  O  tenente  francês  não  perde  um  minuto,  transmite  a  informação  à  Legação  da  França  em  Oslo.  Dali,  a comunicação  passa  ao  adido  inglês.  Minutos  depois,  o  Comando  Costeiro  inglês  prepara  seus  recursos  e  inicia  a  carga. Dia  16  de  fevereiro.  12:52h.  Aviões  ingleses  Hudson  exploram  o  mar,  até  o  sul  da  Noruega.  A  costa  é  um  labirinto  de enseadas,  baías  e  cabos.  Do  alto,  parece  o  fio  de  uma  gigantesca  serra.  Finalmente,  um  ponto  aparece  ao  longe,  perdido na  imensidão  do  mar.  Os  aviões  se  precipitam,  perdendo  altura.  Uma  passada,  e  outra,  e  outra  mais.  Aparentemente  é um  navio  mercante,  em  pacífica  marcha.  Mas,  algo  o  denuncia.  A  popa  apenas  disfarçada  pela  pintura,  mostra  seu nome,  claramente  visível.  Altmark.

O  rádio  transmite  a  posição  e  o  rumo.  A  caça  começara.  No  almirantado,  sobre  a  mesa  de  operações,  um  pequeno  cubo colorido  de  vermelho  assinala  a  posição  da  flotilha  de  torpedeiros  do  capitão  Vian.  Está  muito  perto  do  Altmark.  E  a ordem  vem  de  imediato.  O  barco  alemão  deve  ser  capturado.  Uma  última  troca  de  mensagens  esclarece  todas  as  dúvidas dos  marinheiros  do  capitão  Vian:  o  Altmark  deve  ser  interceptado,  mesmo  estando  em  águas  territoriais.

O  barco  alemão,  entretanto,  força  suas  máquinas  em  busca  de  Skagerrat.  Se  penetrar  nele,  pode  se  considera  a  salvo.  Os torpedeiros  alemães,  sem  dúvida,  protegerão  seu  regresso  ao  porto.  Mas  alguém  disse  não.  O  capitão  Vian  exige  tudo  de seus  torpedeiros  e  mais  alguma  coisa.  Ali  vão  navegando  a  toda  maquina  para  o  barco  alemão.  O  Altmark, impossibilitado  de  cruzar  o  Skagerrat,  vira  para  bombordo  e  avança  para  a  costa  norueguesa.  Uma  pequena  fenda  de 200  m  de  largura  lhe  serve  de  refúgio.  Alguém  vem  em  sua  ajuda.  São  duas  canhoneiras  norueguesas,  que  saem  ao encontro  dos  torpedeiros  ingleses  e  lhes  informam  que  o  cargueiro  alemão,    revistado  por  eles,  não  oculta  nada anormal.  O  comandante  Vian  acredita  nos  noruegueses  e  envia  mensagem  ao  Almirantado.  “Sem  novidades.  Alarme falso.  Presumido  Altmark  visitado  por  barcos  noruegueses.  Tudo  normal  a  bordo”.

Churchill  está  conferenciando  com  o  primeiro  lorde  do  Almirantado,  almirante  Dudle  Pound,  o  almirante  Phillipps  e seus  auxiliares,  quando  o  radiograma  chega.    o  texto  e  após  proferir  uma  exclamação  de  furor,  atira-se  ao  telefone. Logo  depois,  Churchill  enviara  ordens  a  Vian,  terminantes  e  claras.  O  Altmark  será  revistado,  qualquer  que  seja  a reação  dos  barcos  noruegueses.  “Se  um  torpedeiro  norueguês  se  interpõe,  passe-lhe  ao  largo.  Se  o  ataca,  responda-lhe”. Nada  mais  faltava  a  Vian  para  que  seu  barco,  o  Cossack,  acelerasse  suas  maquinas  num  apressado  regresso  ao  fiorde onde  se  ocultava  o  Altmark.  A  escuridão  começava  a  envolvê-lo,  quando  os  potentes  refletores  do  Cossack  iluminaram o  barco  alemão  e,  num  primeiro  plano,  o  torpedeiro  norueguês  Kjell.  Rápida  troca  de  mensagens  entre  Vian  e  o  capitão do  Kjell  confirmou  a  posição  dos  noruegueses:  mantinham  sua  afirmação  anterior.  O  Altmark  não  conduzia prisioneiros.  “Tudo  normal  a  bordo”.  Seguindo  suas  instruções,  Vian  não  vacilou  um  instante.  O  Cossack  lançou-se  à abordagem.  O  Altmark,  entretanto,  tentando  investir  contra  o  Cossack,  precipita-se  sobre  a  costa,  onde  encalha.  Logo,  o barco  inglês  o  abordou  e  seus  tripulantes  se  lançaram  sobre  a  coberta  do  navio  alemão.  Depois  de  um  furioso  e sangrento  corpo  a  corpo,  os  ingleses  ficaram  donos  do  terreno.  Uma  rápida  inspeção,  permitiu-lhes  comprovar  que  o informe  dos  barcos  de  guerra  noruegueses  não  se  aproximava  muito  da  verdade:  nos  porões  do  Altmark  amontoavam-se 300  ingleses,  tripulantes  dos  barcos  afundados  pelo  Graf  Spee.

O  “Baedeker”  de  Falkenhorst

Dia  21  de  fevereiro  de  1940.  Chancelaria  do  Reich.  Berlim.

Sobre  uma  ampla  mesa  de  despacho  do  Fuhrer,  acumulavam-se  dezenas  de  mapas,  em  desordem.  Hitler,  de  pé, pensativo,  contempla  o  vazio.  Dois  leves  golpes  soam.  Depois,  a  porta  se  abre.  Um  tenente  da  Wehrmacht  entra,  perfila- se  e  bate  os  calcanhares.  -  O  Sr.  general  Von  Falkenhorst.  Hitler  faz  um  movimento  de  cabeça  e  o  tenente  se  retira. Atrás  dele  entra  um  visitante.  É  Nicolau  von  Falkenhorst,  comandante  de  um  corpo  do  Exército  do  oeste.  Falkenhorst não  é  um  oficial  brilhante.  Não  conta  em  sua  folha  com  grandes  batalhas,  nem  ações  extraordinárias.  Mas  tem  uma qualidade:  lutou  na  Finlândia,  na  Primeira  Guerra.  O  antecedente,  aparentemente  sem  importância,  pesa  muito. Principalmente  em  relação  à  operação  que  Hitler  planeja.  O  Fuhrer  dirige-se  para  a  mesa  coberta  de  mapas,  seguido  por Falkenhorst.  Depois  diz:  -  sabemos  que  os  ingleses  preparam  um  desembarque  na  Noruega.  Falkenhorst  não  precisa  de mais  para  saber  o  que  se  pretende  dele.  De  imediato,  é  Hitler  quem  o  confirma:  -  Esta  tarde,  às  5  horas,  os  planos  para  a invasão  da  Noruega  devem  estar  aqui.  Von  Falkenhorst  bate  o  calcanhar  e  sai.  Não  é  pequena  a  tarefa  que  o  aguarda.  na  rua,  junto  ao  automóvel  cuja  porta  seu  assistente  mantém  aberta,  Falkenhorst  medita  e  decide  rapidamente. Aproxima-se  do  sargento  da  Wehrmacht,  que  se  mantém  em  sentido  e  diz-lhe:  -  Depressa,  consiga-me  um  “Baedeker”. O  ajudante-de-ordens  fita-o,  surpreendido  e  Falkenhorst  insiste:  -  Um  “Baedeker”.  Um  guia  de  turismo  “Baedeker”. Agora  mesmo.  Vá.  O  sargento  se  afasta  rapidamente,  e  Falkenhorst  deixa-se  cair  no  assento  traseiro  do  Mercedes.  Dez minutos  depois,  o  sargento  regressa.  Traz  na  mão  um  guia  de  turismo  “Baedeker”.  Entrega-o  a  Falkenhorst,  entra  no carro  e  o  põe  em  marcha.  Depois,  sozinho,  no  quarto  de  hotel  em  que  se  hospeda,  Falkenhorst  abre  sobre  uma  mesinha o  mapa  da  Noruega.  É  um  mapa  para  turistas,  sem  relevos  e  com  poucos  acidentes  naturais.  Toma  depois  algumas folhas  de  papel,  um  lápis  e  começa  a  escrever.

Dia  21  de  fevereiro  de  1940.  Chancelaria  do  Reich.  5  h  da  tarde.  O  Mercedes  de  Falkenhorst  pára  na  porta.  O  general desce  e  se  dirige  apressadamente  para  o  despacho  com  o  Fuhrer.  Em  sua  pasta,  leva  o  plano  de  invasão.  E  também  o mapa,  cuidadosamente  destacado  do  guia  “Baedeker”.

Quisling

Defensor  ardente  dos  interesses  britânicos  por  ocasião  da  ruptura  entre  o  Governo  bolchevique  e  a  Inglaterra.  Depois admirador  do  sucesso  obtido  pela  revolução  russa  e  organizador  de  uma  Guarda  Vermelha.  Finalmente  em  1933, fundador  da  União  Nacional,  partido  político  de  orientação  fascista.  E  como  coroamento  de  traidor  profissional, entreguista  de  sua  pátria  aos  nazistas.  Tal  vida  e  tal  final    poderiam  trazer  para  homem  semelhante  o  qualificativo  que efetivamente  lhe  foi  aplicado.  Quisling  é  sinônimo  de  traidor.  Nasceu  em  1887.  Foi  aluno  da  Academia  Militar norueguesa,  Adido  militar  na  Rússia  e  fundador  de  um  partido  fascista,  buscou  notoriedade  aproximando-se  dos nazistas.  Após  uma  entrevista  com  o  chefe  da  Marinha,  almirante  Raeder,  foi  recebido  por  Hitler.  Quisling,  ambicioso  e ávido  de  poder,  ainda  que  ao  preço  da  venda  de  sua  própria  pátria,  propôs  ao  ditador  nazista  o  desembarque  alemão  na Noruega,  apoiado  por  ele  e  seus  homens.  Após  a  invasão,  Quisling  proclamou-se  primeiro-ministro.  Poucos  dias  depois, os  alemães  o  afastaram  do  poder.  Trouxeram-no  ao  Governo  novamente  em  1942,  mas  a  sua  autoridade  sobre  o  povo norueguês  foi  nula.  O  triunfo  aliado  levou-o  à  Justiça.  Foi  processado  por  alta  traição  e  condenado  à  morte.  Morreu justiçado,  em  24  de  outubro  de  1945.  Seu  nome  continua  sendo  sinônimo  de  traidor.

A  Frota  Alemã

Comandante-chefe  da  expedição:  vice-almirante  Lutjens

Agrupamentos  Oeste:  almirante  Saalwachter

Agrupamento  Leste:  almirante  Carls

Divisão  independente,  encarregada  da  proteção  do  conjunto:  barcos  de  linha  Gneisenau  e  Scharnhorst

Grupo  I  -  Narvik:  10  contratorpedeiros.  2000  homens  (tropas  alpinas)

Grupo  II  -  Trondheim:  cruzador  pesado  Admiral  Hipper  (10.000  tons);  4  contratorpedeiros,  um  navio  tanque.  700 homens.

Grupo  III  -  Bergen  :  cruzadores  leves  Kolp  (6000  tons)  e  Konigsberg  (6000  tons),  barco-escola  Bremse,  2  torpedeiros,  7 lanchas,  um  barco  tanque,  e  transportes.  190  homens.

Grupo  IV  -  Kristiansand  e  Adrendal:  cruzador  leve  Karlsuhe  (6000  tons),  3  torpedeiros,  7  lanchas,  nave  escolta Tsingtau  (1970  tons)  e  4  transportes.  1100  homens.

Grupo  V  -  Oslo:  cruzador  pesado  Blucker  (10.000  tons),  couraçado  Lutzow  (10.000  tons),  cruzador  leve  Emden  (5400 tons),  3  torpedeiros,  8  caça-minas,  2  baleeiros,  2  barcos  tanques,  28  transportes,  1900  cavalos.  2800  veículos,  8200  tons de  material.  16500  homens.

Grupo  VI  -  Egersund:  4  caça-minas,  um  esquadrão  ciclista.

Grupo  VII  -  Korsor-Nyborg:  barco  escola  Schleswig-Holstein  (13.200  tons)

Grupo  VIII  -  Copenhague:  cruzador  auxiliar  Hansestadt  Danzig,  um  quebra  gelo.  1000  homens

Grupo  IX  -  Middelfast:  transporte  Rygard,  10  caça  minas,  pesqueiros,  rebocadores

Grupo  X  -  Esbjerg  e  Tyboron:  24  caça-minas,  lanchas

Grupo  lança-minas:  4  lança  minas  e  4  caça-minas  (para  colocação  de  minas  a  oeste  de  Skajerrak)

Submarinos:  35  unidades  foram  reunidas  em  5  grupos:  5  diante  da  costa  da  Noruega,  3  na  zona  das  Shetland,  uma  na desembocadura  este  do  Canal  da  Mancha.

Exercício  Weser

“A  situação  na  Escandinávia  requer  nossa  imediata  ação  para  ocupar  a  Dinamarca  e  a  Noruega.  A  operação  impedirá  o avanço  da  Inglaterra  sobre  a  Escandinávia  e  o  Báltico.  Além  disso,  é  necessário  proteger  a  segurança  das  jazidas minerais  na  Suécia  e  proporcionar  à  nossa  Marinha  e  à  nossa  Força  Aérea  uma  ampla  frente  contra  a  Inglaterra...

Dada  a  diferença  ente  nossas  forças  militares  e  as  da  Escandinávia,  a  força  a  empregar  no  Exercício  Weser  será  a  menor possível,  o  escasso  numero  de  tropas  será  contrabalançado  pela  surpresa  da  ação.

Em  princípio,  a  operação  deverá  aparecer  como  uma  ocupação  pacífica,  destinada  a  proteger  a  neutralidade  dos  Estados escandinavos.  A  comunicação  aos  governos  será  transmitida  ao  começar  a  ocupação.  Se  for  necessário,  a  Marinha  e  a Força  Aérea  farão  as  demonstrações  necessárias.  Se,  ainda  assim  houver  resistência,  todos  os  meios  militares  deverão ser  usados  para  quebrantá-la...

O  cruzamento  da  fronteira  com  a  Dinamarca  e  o  desembarque  na  Noruega  deverão  efetuar-se  simultaneamente...

É  muito  importante  que  os  Estados  escandinavos  e  as  potências  ocidentais  sejam  tomados  de  surpresa...”  Adolfo  Hitler.

Memorando  alemão  à  Noruega

...  o  Governo  alemão  dispõe  de  documentos  comprovadores  de  que  a  França  e  a  Inglaterra  decidiram  trasladar  o  teatro das  operações  ao  território  dos  Estados  nórdicos,  particularmente  ocupando  Narvik  e  outros  diversos  pontos  da Noruega.  O  governo  alemão  tem  provas  irrefutáveis  de  que  essas  operações  deveriam  ter  lugar  nos  próximos  dias  e estima  que  o  governo  norueguês  não  se  oporia  a  elas...  O  governo  alemão  não  tolerará,  sob  nenhum  pretexto,  que  as potências  ocidentais  transformem  a  Escandinávia  em  teatro  de  operações  contra  a  Alemanha  e  que  o  povo  norueguês seja  direta  ou  indiretamente  usado  para  uma  guerra  contra  a  Alemanha.  O  governo  alemão  não  esperará  inativo  que  o dito  plano  seja  posto  em  ação,  e  preparou  para  o  dia  de  hoje  algumas  operações  militares  que  tem  por  fim  a  ocupação  de pontos  de  importância  estratégica  no  território  norueguês.  O  governo  do  Reich  toma  desde    a  seu  cargo,  durante  esta guerra,  a  proteção  do  Reino  da  Noruega.

Medidas  que  deverá  adotar  o  governo  da  Noruega

1.  Deverá  avisar  ao  povo  e  ao  exército  que  não  se  oponha  às  tropas  de  ocupação  alemã

2.  Deverá  ordenar  ao  exército  norueguês  para  colaborar  com  o  exército  alemão.  Ficarão  com  suas  armas  se  assim  se comportarem.

3.  Os  bens  de  que  necessitem  as  tropas  alemães  para  garantir  a  Noruega  contra  o  inimigo  externo,  como  as  defesas  da costas  devem  ser  entregues  sem  danos.

4.  Devem  ser  remetidas  os  documentos  exatos  dos  campos  de  minas  que  tenham  sido  colocados  pelos  noruegueses.

5.  Black-out  total  do  território  norueguês

6.  Os  meios  de  comunicações  devem  ser  postos  à  disposição  das  tropas  de  ocupação.

7.  Fica  proibido  aos  navios  de  guerra  e  mercantes  irem  para  o  exterior,  assim  como  os  aviões.

8.  Os  pilotos  costeiros  e  os  faróis  permanecerão  em  atividade

9.  O  serviço  de  meteorologia  deverá  ser  mantido.

10.  Todo  o  serviço  de  notícias  e  correios  ao  exterior  deverá  cessar.

11.  A  imprensa  e  a  rádio  serão  censurados  e  estarão  à  disposição  do  comando  alemão.

12.  Fica  proibido  a  exportação  de  produtos  indispensáveis  à  guerra.

A  estrada  de  ferro

Kiruna  e  Gellivare,  na  Suécia,  são  dois  pontos  minúsculos  perdidos  na  solidão  fria  que  se  estende  ao  norte  do  Círculo Polar  Ártico.  Não  teriam  importância  alguma  se  a  eles  não  se  associasse  um  nome  comum  e  extraordinariamente importante:  o  ferro.  Kiruna  e  Gelivare  são  o  coração  de  uma  das  zonas  minerais  mais  ricas  do  mundo.  Por  volta  de  1938 se  extraíam  dali,  por  ano,  cerca  de  12  milhões  de  toneladas  de  minério  de  ferro.  Delas,  quase  10  milhões  eram  enviadas para  a  Alemanha...

A  via  mais  adequada  para  o  transporte  do  mineral  era  a  marítima,  através  do  Golfo  de  Bótnia;  mas  uma  barreira  natural levanta-se  durante  6  meses  por  ano:  os  gelos.  Fica  então,  uma    via  possível:  Noruega.  E  é  precisamente  através  da ferrovia  que  une  Gellivare  e  Kiruna  com  Narvik,  no  Atlântico,  que  o  minério  pode  canalizar-se  para  o  sul,  para  a Alemanha  principalmente.  É  a  “estrada  do  ferro”.

Na  guerra,  todas  as  armas

O  pequeno  porto  norueguês  de  Horten  compreendia  umas  100  a  150  casas  de  pescadores.  Mas  a  sua  real  importância estava  no  poderoso  arsenal  localizado  nas  suas  costas,  em  uma  colina.  Fortemente  defendido  por  uma  guarnição  de  mais de  mil  soldados  noruegueses,  a  posição  podia  tornar-se  inacessível  para  os  atacantes  alemães.

O  capitão  Grundman,  no  comando  das  forças  nazistas,  procedeu  habilmente...

Ao  encontrar-se  na  presença  do  almirante  norueguês  Johansen,  Grundman  exigiu  sua  rendição  imediata.  As  forças atacantes  estavam  dispostas  a  arrasar  o  forte.  Os  bombardeiros  alemães  estavam  à  espera  da  ordem  de  iniciar  o  ataque. Os  navios  aguardavam  o  sinal  para  iniciar  o  bombardeio.  O  almirante  norueguês,  tendo  dúvidas  sobre  a  atitude  a  seguir, telefonou  a  Oslo,  antes  de  decidir.  Grundman,  por  eu  lado,  fez  uma  chamada  telefônica  para  deter  a  intervenção  dos aviões  e  dos  navios  alemães.  Previamente,  comunicara  a  Johansen  que  o  prazo  que  podia  dar  era  de  apenas  15  minutos. Johansem  decidiu  render-se.  O  capitão  Grundman  transmitiu  uma  breve  ordem  e  recebeu  no  forte  cerca  de  100  soldados alemães,  que  procederam  ao  desarme  da  guarnição  norueguesa.  Além  disso,  no  porto,  os  guarda-costas  noruegueses Harald,  Haarfagre,  Tordenskjold  e  Olav  Tryggvasen  e  um  submarino  caíram  em  poder  dos  alemães.

Johansen,  cavalheirescamente,  lamentou  que  as  comodidades  do  forte  não  fossem  próprias  para  receber  as  tropas alemães.  Grundman,  então,  esclareceu  ao  almirante  norueguês  que  todas  as  forças  alemães  eram  as  que  ele  estava  vendo ali...  jamais  poderiam  ter  atacado  o  forte  os  inexistentes  bombardeiros,  nem  a  frota,  que    existia  na  imaginação  e  nas palavras  de  Grundman...

A  audácia  dera  frutos.  O  estratagema,  velho  como  o  mundo,  enganara  o  veterano  oficial  norueguês.

“Royal  Marine”

-  Será  um  êxito.  Estou  seguro!  E  golpeará  o  inimigo  em  pleno  coração.  Em  seguida,  o  homem  que  proferiu  estas palavras,  se  retira.  Atrás  dele  ficam  vários  oficiais  britânicos,  silenciosos.  Ao  fim  de  algum  tempo  um  deles,  murmura:  - Nunca  vi  Winnie  tão  entusiasmado...

Aquela  operação  havia  amadurecido  lentamente  no  cérebro  do  velho  líder  inglês.  Era  o  projeto  “Royal  Marine”.  A  idéia lhe  surgira  ao  contemplar  distraidamente  um  velho  mapa  da  Europa.  Ali  estava  a  França  e  o  Reno,  a  Alemanha...  Isso era  tudo.  O  mais  era  simples.  Tão  simples  como  deixar  cair  um  pedaço  de  papel  em  um  pequeno  riacho  e  vê-lo  afastar- se,  impulsionado  pela  corrente.  Porque  também  assim  flutuavam  e  se  afastariam  tambores  vazios...  e  carregados  com materiais  explosivos...

A  idéia  de  minar  o  Reno  entusiasmou  Churchill.  Bastava  depositá-las  no  Reno,  no  território  francês,  e  em  seguida deixá-las  livres  à  sua  sorte.  A  corrente  as  arrastaria  até  interná-las  na  Alemanha.  E  ali  estavam  Karlsruhe,  e  Mannheim  e Bonn,  e  os  diques,  e  as  barcaças  carregadas,  e  as  pontes  flutuantes...

As  minas,  pequenos  recipientes  de  uns  10  kg  de  peso,  semeariam  a  destruição  e  o  caos  ao  longo  do  rio.  Um  simples aparelho  de  relojoaria  garantiria  que  as  cargas  fossem  inofensivas  enquanto  navegassem  em  território  francês.

No  inicio  de  março  a  Inglaterra  dispunha  de  2.000  minas.  A  data  do  inicio  dos  lançamentos  estava  prevista  para  o  dia  13 de  março.  Mas  Churchill  teve  então  de  enfrentar  obstáculos  inesperados.  O  Comitê  de  Guerra  francês  e  especialmente  o Presidente  da  República  manifestaram  seu  desagrado  ante  a  idéia.  Uma  operação  semelhante,  disseram,    poderia acarretar  a  imediata  represália  aérea  do  inimigo...

Devia  evitar-se  a  todo  custo  qualquer  ação  que  iniciasse  a  guerra  aérea.  E  foi  evitada.  O  projeto  “Royal  Marine”  nunca foi  executado.

“Nestas  águas,  não...”

O  periscópio  surgiu  lentamente  da  superfície  das  águas  do  Mar  do  Norte.  Girou  para  todos  os  lados  e  logo  se  fixa,  como observando  um  objeto  muito  distante.  Depois  pareceu  afundar-se  nas  profundezas  do  mar.  -  22  horas...  Barco  inimigo segue  em  águas  territoriais  dinamarquesas...  O  tenente-de-corveta  Hutchinsen,  comandante  do  submarino  Truant,  não pôde  reprimir  um  gesto  de  impaciência.  Suas  ordens  eram  severas  e,  além  disso,  sua  consciência  lhe  dizia  que  não  devia fazê-lo.  Efetivamente,  “sabia”  que  não  devia  atacar  aquele  barco  alemã  enquanto  estivesse  em  águas  territoriais  da Dinamarca.  Mas,  por  outro  lado,  tinha  perfeito  conhecimento  do  perigo  que  pairava  sobre  eles.  Achavam-se  a  apenas  8 milhas  da  base  alemã  de  Sylt.  Um  alarme  (e  Hutchinsen  se  perguntava  se    não  fora  enviado)  bastaria  para  que  os aviões  de  bombardeio  estivessem  ali  em  menos  de  30  minutos...

Uma  voz  tirou  Hutchinsen  de  seus  pensamentos:  23:30  horas...  Barco  inimigo  fora  das  águas  territoriais...  Huntchinen parecia  galvanizado.  Rapidamente  deu  as  suas  ordens:  -  Para  a  superfície!  Pronta  a  detonação  do  canhão!  Torpedos  1  e 2  prontos!  Como  um  monstro  marinho,  levantando  uma  montanha  de  espuma,  o  submarino  inglês  Truant  subiu  à superfície.  Quatro  homens  surgiram  do  interior  e  se  precipitaram  sobre  o  canhão,  apontando-o.  Outros  dois,  enquanto isso,  preparavam  e  acendiam  o  projetor.

Um  fino  traço  de  luz  rasgou  as  trevas.  A  300  m,  navegando  a  toda  velocidade,  um  cargueiro  rasgava  as  ondas.  O  cone de  luz  o  percorreu  de  proa  à  popa,  de  cima  a  baixo.  Por  fim  iluminou  a  popa.  Com  seus  binóculos,  Huntchinsen  leu claramente  Edmund  Hugo  Stinnes  IV.  Era  um  carvoeiro  alemão.

Das  mãos  dos  marinheiros,  uma  lanterna  transmitiu,  em  Morse,  a  ordem  de  parar  e  não  usar  o  equipamento  de  rádio. Dez  segundos  depois  o  barco  alemão  parecia  aumentar  a  velocidade.  Era  necessário  agir  rapidamente.  E  foi  feito.  Duas granadas  atingiram  a  ponte.  A  velocidade  do  barco  diminuiu  muito.  Por  fim,  parou.  Em  seguida,  começou  a  inclinar-se sobre  um  dos  lados.  Dez  minutos  depois,  afastada    a  tripulação  alemã,  Hutchinsen  fez  disparar  um  certeiro  torpedo. Eram  24h  do  dia  23  de  março  de  1940.  O  inimigo  havia  sido  afundado.  As  águas  territoriais  dinamarquesas  haviam  sido respeitadas.  O  submarino  inglês  se  afastava  em  meio  à  escuridão  da  noite...

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