quinta-feira, 20 de julho de 2023

Segunda Guerra Mundial - 1939 No Caminho da Guerra

 

Campanha  da  Polônia
No  caminho  da  guerra

Às  11  horas  da  noite  de  21  de  agosto  de  1939,  as  rádios  da  Alemanha  interromperam  repentinamente  seus programas  e  um  locutor,  com  voz  solene,  leu  um  transcendental  comunicado:  “O  Governo  do  Reich  e  o Governo  Soviético  resolveram  concertar  um  pacto  de  não  agressão.  O  Ministro  das  Relações  Exteriores  do Reich  chegará  a  Moscou  na  quinta  feira,  23  de  agosto,  para  concluir  as  negociações”.  Hitler  e  Stalin  aliados. A  inesperada  notícia  assusta  o  mundo.  O  último  obstáculo  que  impedia  o  ditador  alemão  de  concretizar  os seus  planos  de  agressão  contra  a  Polônia  ficava,  pois,  eliminado.  Quatro  meses  antes,  o  Fuhrer  fizera  sua entrada  triunfal  em  Praga  e  a  Tchecoslováquia,  cuja  independência  prometera  respeitar  na  Conferência  de Munique,  ficava  incorporada  à  “Grande  Alemanha”.  Desmoronava-se,  para  não  mais  se  levantar,  a  ordem européia  estabelecida,  ao  término  da  Primeira  Guerra  Mundial,  pelo  Tratado  de  Versalhes.

O  Plano  Branco:

Uns  após  outros,  os  negros  e  compridos  Mercedes  chegam  ao  edifício  da  Chancelaria  do  Reich.  Dos suntuosos  veículos  descem,  apressados,  os  dirigentes  máximos,  políticos  e  militares  da  Alemanha  nazista. Data:  3  de  abril  de  1939.  Este  foi  o  dia  em  que  realmente  começou  a  Segunda  Guerra  Mundial.

Reunidos  no  gabinete  do  Fuhrer,  os  chefes  da  Wehrmacht  recebem  das  mãos  de  Hitler  as  cópias  de  um projeto  ultra-secreto:  o  “Plano  Branco”.  O  ditador  permanece  alguns  minutos  em  silêncio.  Depois,  com  voz calma  e  enérgica,    início  à  leitura  do  decisivo  documento:  -  Senhores,  o  objetivo  será  destruir  o  poderio militar  polonês  e  criar  no  Leste  uma  situação  que  satisfaça  às  necessidades  as  defesa  nacional.  O  Estado Livre  de  Dantzig  será  proclamado  parte  integrante  do  Reich  no  começo  das  hostilidades...

A  sorte  está  lançada.  Um  silêncio  absoluto  reina  na  sala.  Embargados  pela  emoção,  os  generais  Brauchitsch, comandante-em-chefe  do  Exército,  e  Halder,  chefe  do  Estado-Maior  Geral,  o  Almirante  Raeder,  Comandante da  Kriegsmarine  e  o  Marechal  Goering  da  Luftwaffe,  compreendem  que  acabam  de  receber  a  ordem definitiva  que  dará  início  a  outra  guerra.  Hitler,  imperturbável,  continua  a  leitura  do  longo  documento.  -  A missão  da  Wehrmacht  será  destruir  as  forças  armadas  polonesas  e,  com  tal  fim,  deverá  dispor-se  a  realizar um  ataque  de  surpresa...  Os  preparativos  devem  efetuar-se  de  maneira  tal,  que  a  operação  possa  ser  levada  à prática  a  qualquer  instante...  a  partir  do  1 o  de  setembro  de  1939.

1 o  de  setembro  de  1939!  Uma  data  como  tantas  outras...  Entretanto,  nada  afastará  Hitler  da  sua  decisão. Apelando  para  todo  tipo  de  manobras,  conseguirá,  finalmente,  dar  pontual  cumprimento  ao  fatídico  plano. Qual  foi  o  motivo  que  o  levou,  afinal  a  tomar  tão  tremenda  deliberação?

Chamberlain,  o  “homem  do  guarda-chuva”,  o  apaziguador  de  Munique,  intempestivamente  interpôs-se  no seu  caminho.  Dois  dias  depois  da  ocupação  da  Tchecoslováquia,  o  político  inglês  pronuncia,  na  cidade  de Birmingham,  um  discurso  decisivo.  “A  Inglaterra  -  anuncia  -  não  caiu  tão  baixo  a  ponto  de  aceitar,  de  braços cruzados,  a  hegemonia  da  Alemanha  sobre  toda  a  Europa”.  A  30  de  março  de  1939,  o  embaixador  britânico em  Varsóvia,  Sir  Howard  Kennan,  comunica  ao  ministro  do  exterior  polonês,  coronel  Jasef  Beck,  que  o  seu Governo  está  disposto  a  garantir,  unilateralmente,  a  independência  da  Polônia.  Perplexo,  Beck  aceita  sem vacilações  a  extraordinária  oferta.  No  dia  seguinte,  Chamberlain  comunica  à  Câmara  dos  Comuns  que  a Inglaterra  comprometeu-se  a  dar  à  Polônia  plena  ajuda  militar  no  caso  de  ser  agredida.

Hitler,  ao  inteirar-se  das  declarações  de  Chamberlain,  explode  num  ataque  de  fúria.  Compreende  que,  daí  por diante,  terá  que  apelar  para  as  armas  para  concretizar  os  seus  planos  e  conquistar  o  “espaço  vital”,  que assegurará  “a  sobrevida  e  a  grandeza”  do  povo  alemão.

Três  dias  depois,  a  3  de  abril,  distribuiu  aos  seus  generais  as  diretivas  do  “Plano  Branco”.  A  Alemanha empreendeu  assim  o  caminho  da  guerra.

A  hora  decisiva:

Sorridente,  Ribbentrop  acaba  de  pôr  a  sua  assinatura  ao    do  documento,  que  sepultará  a  Europa  na  morte  e na  destruição  durante  seis  longos  anos.  Stalin  e  Molotov  estão  a  seu  lado.  É  o  dia  23  de  agosto  de  1939. Terminada  a  cerimônia,  o  Ministro  das  Relações  Exteriores  da  Alemanha  e  o  Premier  soviético  apertam-se  as mãos  e,  depois,  dirigem-se  a  um  dos  suntuosos  salões  do  Kremlin.  Chegou  o  momento  da  comemoração. Stalin,  segurando  uma  taça  de  champanha,  exclama  com  entusiasmo:  -  Sei  quanto  o  povo  alemão  ama  o  seu Fuhrer!  Quero,  em  conseqüência,  levantar  a  minha  taça  em  sua  honra...  Brindo  à  saúde  do  Fuhrer!

Naquele  mesmo  instante,  a  milhares  de  quilômetros  de  distância,  Hitler  festeja  também  a  assinatura  do  pacto, que  acaba  de  concertar  com  o  seu  odiado  inimigo.

Com  satisfação,  o  ditador  compreende  que  conquistou,  sem  derramar  uma    gota  de  sangue,  a  vitória  mais extraordinária  de  toda  a  sua  carreira.  Ao  concluir  o  tratado  com  Stalin  conseguiu,  da  noite  para  o  dia,  alterar radicalmente  a  ameaçada  posição  em  que  se  encontrava  a  Alemanha.  Com  o  apoio  da  Rússia,  poderá  agora liquidar  definitivamente  a  Polônia  e,  ao  mesmo  tempo,  fazer  frente  a  uma  guerra  contra  a  Inglaterra  e  a França,  sem  preocupar-se  com  a  sua  retaguarda.

Ao  receber,  a  19  de  agosto,  o  telegrama  do  seu  embaixador  em  Moscou,  com  a  notícia  de  que  Stalin concordava  em  entrar  em  negociações,  Hitler  mandou  chamar  o  Almirante  Raeder  e  ordenou  que  ele  fizesse zarpar  imediatamente  a  frota  de  submarinos  e  os  couraçados  Graff  Spee  e  o  Deutschland  para  que alcançassem  as  suas  posições  de  combate  no  Atlântico  e  mar  do  Norte,  na  data  fixada  para  o  início  do  ataque à  Polônia.

Enquanto  a  Marinha  inicia  o  deslocamento  das  suas  unidades  o  Exército  se  preparava  para  cumprir  a  sua missão.  A  23  de  agosto,  Hitler  fixa  a  data  do  ataque:  sábado,  26  de  agosto,  às  4:30  horas  da  madrugada.

Suspendam  o  ataque!:

Na  tarde  de  22  de  agosto,  realiza-se  uma  sombria  reunião  no  edifício  de  Downing  Street,  sede  do  Governo britânico.  Chamberlain  e  os  seus  ministros  compreenderam  que  chegou  a  hora  decisiva.  Após  uma  breve discussão,  o  Gabinete    a  conhecer  um  categórico  comunicado:  “A  assinatura  do  pacto  germano-soviético não  afetará  de  forma  alguma  as  obrigações  da  Inglaterra  com  a  Polônia”.  Em  Paris,  o  governo  francês, presidido  por  E.  Daladier,  adota  a  mesma  atitude.

Hitler,  entretanto,  regressou  a  Berlim.  A  25  de  agosto  envia  a  Mussolini  uma  carta,  comunicando  que  está disposto  a  atacar  a  Polônia  de  um  momento  para  outro.  Na  tarde  desse  mesmo  dia,  manda  chamar  o embaixador  britânico,  Sir  Neville  Henderson,  e  lhe  faz  uma  última  proposta:  a  Alemanha  está  disposta  a chegara  um  amplo  acordo  com  a  Inglaterra,  após  resolver  seus  problemas  com  a  Polônia.  Mais  uma  vez,  o Hitler  tentava  quebrar  com  falsas  promessas  a  unidade  dos  seus  inimigos.

As  horas  voam.  Pelas  estradas  que  conduzem  ao  Leste,  marcham,  em  intermináveis  colunas,  as  forças  da Wehrmacht.  No  dia  seguinte,  às  4:30  horas  da  madrugada,  lançam-se  ao  ataque  contra  a  Polônia.

Às  6  da  tarde,  entrou  apressadamente  na  Chancelaria  do  Reich,  o  embaixador  italiano,  Bernardo  Atolico.  Nas mãos,  levava  a  resposta  de  Mussolini  à  carta  que  Hitler  enviara  ao  Duce  naquela  mesma  manhã.  O  ditador alemão  tomou  a  carta  e,  com  surpresa  e  fúria,  inteirou-se  do  seu  insólito  conteúdo.  Mussolini,  simplesmente, anunciava  que  a  Itália  não  estava  em  condições  de  entrar  na  guerra,  pois,  até  1942,  não  poderia  completar adequadamente  a  preparação  das  suas  forças  armadas.

Pouco  depois,  Hitler  recebeu  a  notícia  de  que  a  Inglaterra  e  a  Polônia  acabavam  de  dar  forma  definitiva  à  sua aliança  mediante  a  assinatura  de  um  pacto  de  assistência  mútua.    não  poderia  ter  dúvida  alguma  de  que  os ingleses  interviriam  na  guerra.  Hitler,  abatido  pela  defecção  inesperada  do  seu  principal  aliado  e  a  decidida atitude  dos  ingleses,  tomou  uma  resolução  extrema.  Depois  de  permanecer  silencioso  e  pensativo  alguns minutos,  pôs-se  de    e  mandou  chamar  o  marechal  Keitel.  O  submisso  chefe  da  Wehrmacht  entrou  correndo no  seu  gabinete.  Sem  dar-lhe  tempo  de  recuperar  o  fôlego,  Hitler  ordenou:  -  Suspendam  o  ataque!

Keitel,  girando  sobre  os  calcanhares,  partiu  como  um  raio  para  o  seu  escritório  e,  sem  perda  de  tempo, transmitiu  a  notícia  ao  general  Brauchitsch,  comandante-em-chefe  do  Exército.  Este  telefonou,  ato  contínuo, ao  general  Halder,  chefe  do  Estado-Maior,  e  lhe  comunicou  a  ordem  do  Fuhrer:  -  Aqui  Brauchitsch:  nova

situação!  Hitler  exige  a  imediata  suspensão  de  todos  os  movimentos.  A  fronteira  não  deve  ser  ultrapassada sob  nenhum  pretexto...  ao  que  parece  por  razões  políticas.  Podemos  deter-nos?  -  faremos  todo  o  possível!

Deslocando-se  com  a  precisão  de  uma  gigantesca  máquina,  60  divisões  alemães  convergem,  nesse  momento, sobre  a  fronteira  polonesa.  Halder  tenta  o  impossível!  A  sua  ordem  corre  com  a  velocidade  do  raio  entre  os desconcertados  comandantes:  proibido  romper  as  hostilidades!  Nas  estradas  da  Silésia,  Eslováquia, Pomerânia  e  Prússia  Oriental,  as  colunas  de  tanques,  caminhões  e  veículos  blindados  detém  bruscamente  a sua  marcha.

Uma  divisão  motorizada,  entretanto,  não  recebe  o  aviso  e  continua  avançando  a  toda  velocidade,  para  a fronteira.  Um  oficial  parte  em  um  pequeno  avião  e,  à  noite,  pousa  à  frente  da  divisão.  Dessa  dramática maneira  é  evitada,  no  último  momento,  o  início  da  luta

A  fracassada  manobra  de  Hitler:

Na  tarde  de  26  de  agosto,  Hitler  comunicou  ao  general  Brauchitsch  a  nova  data  do  ataque:    de  setembro,  de madrugada.  Aproximava-se  o  outono  e  as  chuvas  transformariam  os  caminhos  da  Polônia  em  imensos lodaçais.

Três  dias  depois,  a  29  de  agosto,  Hitler  comunicou  a  Chamberlain  que  estava  disposto  a  negociar  com  a Polônia  sobre  Dantzig,  caso  o  Governo  polonês  enviasse  um  representante  a  Berlim,  no  prazo  de  24  horas. Hitler  sabia  perfeitamente  que  os  poloneses  não  aceitariam  as  suas  exigências;  ao  rechaçar  as  propostas alemães,  apareceriam  como  os  responsáveis  pelo  fracasso  das  negociações.  Dessa  maneira,  a  Inglaterra  e  a França  contariam  com  uma  saída  honrosa  para  retirar  o  apoio  à  Polônia.  Chamberlain,  no  entanto,    farto  de concessões,  não  se  dispôs  a  um  novo  Munique.

À  meia  noite  de  30  de  agosto,  o  embaixador  britânico  em  Berlim,  Sir  Neville  Henderson,  entregou  a Ribbentrop  a  resposta  do  seu  Governo.  Escrita  em  tom  moderado,  a  nota,  entretanto  assinalava  claramente que  a  Inglaterra  não  estava  disposta  a  pressionar  a  Polônia  para  que  aceitasse  o  ultimato  de  Hitler.  A manobra  do  ditador  estava  completamente  fracassada.

31  de  Agosto:  O  último  dia  de  paz:

Às  11:30  da  manhã  de  31  de  agosto,  o  general  Halder  recebeu  um  chamado  telefônico  urgente  da Chancelaria  do  Reich.  Com  a  voz  embargada  pela  emoção,  o  general  Stulpnagel  comunicou-lhe:  -  O  ataque será  amanhã,  às  4:45  da  madrugada!  A  Inglaterra  e  a  França  estão  decididas  a  intervir,  mas  o  Fuhrer  resolveu iniciar  a  campanha...

Uma  hora  depois  Hitler  assinou  a  Diretiva    1  para  a  condução  da  guerra  e  entregou  o  funesto  documento aos  chefes  da  Wehrmacht.

O  drama  prévio  chegou  assim  ao  seu  fim.  Em  Varsóvia,  o  Comandante-em-chefe  do  Exército,  Marechal Smigly-Rydz,  decidiu,  depois  de  angustiosas  vacilações,  dar  o  passo  decisivo.  Às  11  horas  da  manhã  expediu a  ordem  de  mobilização  geral.

Ao  cair  da  noite  do  dia  31  de  agosto,  ocorreram  os  primeiros  “combates”  da  guerra.  Grupos  de  soldados  da SS,  disfarçados  com  uniformes  poloneses,  realizaram  ataques  simulados  a  alguns  postos  fronteiriços alemães.  Imediatamente,  as  emissoras  transmitiram  alarmantes  comunicados  sobre  a  inesperada  “agressão”. A  farsa  foi  utilizada  no  dia  seguinte  por  Hitler,  para  justificar  ao  seu  povo  e  ao  mundo  o  ataque  contra  a Polônia.

Desencadeia-se  a  “Blitzkrieg”:

O  Alto  Comando  alemão  se  aproveitando  da  vantajosa  posição  das  fronteiras  alemães  que,  pelo  norte,  sul  e oeste,  envolviam  quase  totalmente  o  território  da  Polônia,  dividiu  os  seus  efetivos  em  duas  grandes  massas de  ataque.

O  Grupo  de  Exércitos  “Sul”,  comandado  pelo  general  Rundstedt,  executaria  a  manobra  decisiva  da campanha.  Para  isso,  lhe  foram  dadas  35  divisões,  compreendendo  o  grosso  das  forças  blindadas:  quatro

divisões  Panzer,  três  divisões  mecanizadas  e  duas  motorizadas.  Sua  missão  seria  tomar  importante  região carbonífera  da  Silésia  polonesa,  para,  em  seguida,  avançar  rapidamente  até  Varsóvia  e  às  margens  do Vístula,  conquistando  a  Capital  e  unindo  as  suas  forças  ao  oeste  deste  rio  com  as  unidades  do  Grupo  de Exércitos  “Norte”.  O  exercito  polonês  ficaria,  assim,  cercado  do  norte  ao  sul  e  não  poderia  construir  uma nova  linha  defensiva  por  trás  do  Vístula.  O  Grupo  de  Exércitos  Norte,  comandado  pelo  general  von  Bock, contaria  com  25  divisões:  uma  Panzer,  duas  mecanizadas  e  duas  motorizadas.  Depois  de  destruir  as  unidades polonesas  no  corredor  de  Dantzig,  avançaria  ao  sul,  flanqueando  os  rios  Vístula  e  Narew,  para  se  unirem com  as  tropas  de  Rundstedt.

O  comandante-em-chefe  do  Exército  polonês,  o  Marechal  Smigly-Rydz,  enfrentava  um  problema  insolúvel para  a  defesa  do  seu  país.  As  suas  forças  eram  totalmente  inferiores,  em  número  e  armamento,  aos  exércitos alemães.  Contava  apenas  com  um  punhado  de  ultrapassados  tanques  franceses  e  ingleses  e  a  força  aérea reduzia-se  a  cerca  de  400  velhos  aparelhos.  Smigly  devia  optar  entre  duas  possibilidades:  situar  os  exércitos na  fronteira,  para  defender  a  região  ocidental,  onde  se  concentravam  as  indústrias,  ou  colocar-se  por  trás  da barreira  fluvial,  formada  pelos  rios  Vístula  e  Narew,  com  o  objetivo  de  enfrentar  a  Wehrmacht  em  forte posição  defensiva.  No  primeiro  caso,  corria  o  risco  de  ver  seus  exércitos  aniquilados  nos  primeiros  dias  de luta;  no  segundo,  perderia  a  fonte  de  abastecimento  e  se  veria  obrigado  a  render-se  em  pouco  tempo.

Jogando  o  tudo  por  tudo,  Smigly  resolveu  finalmente  enfrentar  o  choque  da  Wehrmacht  na  própria  fronteira. Com  esta  finalidade,  dividiu  as  suas  forças  em  três  grandes  setores.  No  norte,  frente  à  Prússia  Oriental  e  à Pomerânia,  dispôs  três  exércitos,  integrados  por  15  divisões  de  infantaria  e  cinco  brigadas  de  cavalaria;  no centro,  resguardando  a  rica  província  de  Poznan,  situou  o  grosso  das  suas  tropas,  dois  exércitos  com  9 divisões  de  infantaria  e  quatro  brigadas  de  cavalaria,  apoiados  na  retaguarda  pelo  Exército  “Prússia”, integrado  por  seis  6  divisões  de  infantaria,  uma  brigada  motorizada  e  uma  brigada  de  cavalaria;  finalmente, no  sul,  em  Cracóvia  e  nos  Cárpatos,  destacou  dois  exércitos:  oito  divisões  de  infantaria,  duas  brigadas motorizadas  e  uma  brigada  de  cavalaria.

Começa  a  luta:

Na  madrugada  de    de  setembro,  o  major  Sucharski,  reuniu  os  seus  homens  e  anunciou  que  o  ataque  alemão poderia  desencadear-se  a  qualquer  momento.  Os  180  soldados  do  seu  destacamento  escutaram  em  silêncio  a terrível  notícia.  Sabiam  que  não  teriam  escapatória,  mas,  estavam  dispostos  a  venderem  caro  as  suas  vidas. Entrincheirados  na  ilha  de  Westerplatte,  frente  ao  cais  de  Dantzig,  esse  punhado  de  heróis  teria  que  enfrentar 3.000  soldados  alemães.

Às  4:45  horas,  abate-se  sobre  a  costa  violento  bombardeio.  O  couraçado  Schleswig  Holstein,  navio-escola  da Kriegsmarine,  que  poucos  dias  antes  estivera  em  Dantzig,  em  “visita  de  cortesia”,  disparou,  com  os  seus gigantescos  canhões  de  16  pol,  a  primeira  descarga  da  Segunda  Guerra  Mundial.

Inicia-se  uma  luta  feroz  e  sangrenta.  Durante  todo  o  dia,  a  artilharia  e  os  Stukas  bombardeiam  duramente  o reduto  de  Westerplatte.  Os  poloneses,  com  decidida  bravura,  rechaçam  o  ataque  dos  soldados  alemães.  Ao cair  da  noite,  a  luta  prossegue  com  maior  fúria.  Os  nazistas,  utilizando  lança-chamas,  destroem  os  ninhos  de metralhadoras  e  aniquilam  seus  defensores.  Sucharski  reúne  os  sobreviventes  e  continua  resistindo.  Até  o  dia 6  de  setembro,  a  heróica  guarnição  rechaça  12  assaltos  inimigos.  Chega  ao  limite  da  resistência.  Em  7  de setembro,  ao  despontar  o  sol,  os  canhões  alemães  desatam  um  bombardeio  demolidor  sobre  as  posições polonesas.  Entrincheirando-se  nas  ruínas  dos  edifícios,  Surcharski  e  os  60  sobreviventes  estão  prontos  a enfrentar  o  ataque  final.  Os  SS  avançam  entre  os  escombros  e  travam  com  os  poloneses  uma  desesperada luta  corpo  a  corpo.  Uma  hora  depois,  tudo  está  terminado.

A  Batalha  do  Corredor:

Em  meio  à  neblina  que  cobre  as  planícies  da  Pomerânia,  avançam  rugindo  os  tanques  da    Divisão  Panzer (DP).  À  frente,  marcha,  num  veículo  blindado,  o  general  Guderian,  teórico  e  mestre  da  Blitzkrieg.  Chegou finalmente,  a  hora  de  pôr  em  prática  a  sua  revolucionária  teoria  da  guerra  mecanizada.  O  chefe  alemão  tem sob  o  seu  comando  o  19°  Corpo  Blindado,  integrado  pela    DP  e  as    e  20ª  divisões  motorizadas  (DM).  A sua  missão:  cercar  e  aniquilar  todas  as  forças  polonesas  dispostas  no  Corredor  de  Dantzig.

No  mesmo  instante,  em  que  os  tanques  de  Guderian  transpõem  a  fronteira,  o  general  polonês  Bortnowski, chefe  das  forças  localizadas  no  Corredor,  passeia  nervosamente  no  seu  posto  de  comando,  na  cidade  de

Torun.  Seguindo  as  diretivas  do  marechal  Smigly,  o  grosso  das  suas  forças  estava  no  centro  do  Corredor, com  a  ordem  de  lançar-se  à  conquista  de  Dantzig  ao  início  das  hostilidades.  Esta  manobra  condenaria  todas as  suas  divisões  ao  aniquilamento.  Assim,  a  31  de  agosto,  o  general  ordenou  às  suas  melhores  divisões,  as 13ª  e  27ª  divisões  de  infantaria  (DI),  retirar-se  para  o  sul.

A  1 o  de  setembro,  as  tropas  da  13ª  DI  conseguem  embarcar  de  trem  e  fogem  para  o  sul,  sob  o  contínuo  fogo dos  Stukas.  A  27ª,  entretanto,  não  consegue  alcançar  a  ferrovia  e  tem  que  empreender  a    a  retirada.

Avançando  a  toda  velocidade,  Guderian  chega  às  margens  do  Vístula  na  noite  de    de  setembro.  O  cerco está  fechado!  Para  esse  rio  convergem,  do  norte,  as  colunas  da  27 a  Divisão.  Na  madrugada  do  dia  2,  em  meio à  escuridão,  os  poloneses  tratam  de  abrir  passagem,  através  da  barreira  de  tanques.  Não  alcançam,  entretanto, o  seu  objetivo.  Os  blindados  rompem  fogo  e  detém  o  avanço.  Estabelece-se  um  caos  indescritível  nas  fileiras polonesas.  As  unidades,  destroçadas,  perdem  toda  coesão  e  convertem-se  em  fácil  presa  dos  tanques alemães.  Tem  lugar,  então,  um  dos  mais  dramáticos  episódios  da  campanha.

Pondo-se  à  frente  dos  seus  cavaleiros,  o  general  Grzant-Skotnicki,  chefe  da  brigada  “Pomerânia”, desembainha  a  espada  e  lança-se  a  todo  galope  sobre  os  tanques  alemães,  numa  desesperada  tentativa  de romper  o  cerco.  Sem  titubear,  os  seus  soldados  o  seguem.  Levantando  gigantescas  nuvens  de  poeira,  a enorme  massa  de  cavaleiros  avança  velozmente,  espada  e  lança  na  mão,  para  os  blindados.  Horrorizados,  os alemães  procuram  repelir  o  ataque.  O  heróico  e  terrível  sacrifício  conclui-se  em  poucos  minutos.  Um  após outro,  os  esquadrões  são  esmagados  pelo  implacável  fogo  dos  canhões  e  metralhadoras.  Alguns  cavaleiros que  conseguem  atravessar  a  mortífera  barreira  quebram,  impotente,  as  frágeis  lanças  contra  o  aço  dos tanques.

Ruptura  do  sul:

Ao  meio  dia  de    de  setembro,  o  general  Rundstedt,  comandante-em-chefe  do  Grupo  de  Exércitos  Sul, recebe  a  notícia  de  que  as  suas  vanguardas  conseguiram  franquear  o  rio  Wartha,  primeiro  obstáculo  que  se interpõe  ao  avanço.

Sob  o  fluxo  combinado  de  três  exércitos  alemães  -  o    de  von  Blaskowitz,  o  10°  de  von  Reichenau  e  o  14° de  von  List  -  toda  a  frente  sul  polonesa  se  desfazer  entre  1  e  3  de  setembro.  A  Luftwaffe  ataca incessantemente  e  consegue  desarticular  totalmente  a  organização  da  retaguarda  dos  exércitos  poloneses.

Depois  de  cruzar  o  Wartha,  a    DP,  de  Reinhardt,  avança  velozmente,  pela  estrada  que  conduz  a  Varsóvia. A  2  de  setembro,  uma  esquadrilha  de  bombardeiros  poloneses  realiza  um  desesperado  ataque,  mas,  os  velhos aviões  se  chocam  com  uma  intransponível  barreira  de  fogo  antiaéreo.  Em  poucos  minutos,  os  campos  ficam iluminados  com  os  restos  chamejantes  de  14  aviões  poloneses.  Os  tanques  alemães  continuam  o  seu  avanço.

Esmagando  todas  as  forças  que  se  interpõem  à  sua  passagem,  na  manhã  de  3  de  setembro  os  alemães tomaram  a  cidade  de  Radomsk  e,  horas  depois,  entram  em  Kamiensk.  Com  uma  fulminante  penetração,  a  4 a DP  consegue  separar  os  exércitos  poloneses  do  centro,  dos  que  combatem  no  sul.

Na  noite  de  3  de  setembro,  o  marechal  Smigly  ordena  que  a  sua  principal  força  de  reserva,  o  Exército Prússia,  se  desloque  imediatamente  para  o  sul,  para  bloquear  o  avanço  dos  blindados  alemães  que  marcham sobre  Varsóvia.  O  chefe  polonês  sabe  que  joga  a  sua  última  cartada.  No  dia  seguinte,  começa  a  batalha decisiva.  Os  tanques  de  Reinhardt,  em  violentos  combates,  esmagam  uma  após  outra,  três  DI  polonesas  e,  na noite  de  6  de  setembro,  ocupam  a  cidade  de  Tomaszow-Mas,  situada  a  100  km  ao  sul  de  Varsóvia.  O caminho  para  a  Capital  está  aberto.

Por  sua  vez,  à  esquerda  da    DP,  a    DP,  em  união  com  as  unidades  do    Exército  do  general  Blaskowitz, infligem  repetidas  derrotas  às  divisões  polonesas  que  defendem  a  cidade  de  Lodz.  Desesperado,  o  general polonês  Rommel,  chefe  do  referido  setor,  procura  construir  uma  linha  defensiva  a  poucos  quilômetros  ao oeste  da  cidade,  mas,  os  alemães,  com  incessantes  ataques,  obrigam-no  a  empreender  a  retirada  e,  na  noite  de 7  de  setembro,  apoderam-se  de  Lodz.  Fica,  assim,  definitivamente  aberta  a  brecha  no  caminho  de  Varsóvia.

Varsóvia  resiste:

Às  5  horas  da  tarde  de  8  de  setembro,  os  tanques  da    DP,  chegaram  aos  subúrbios  de  Varsóvia.  O  seu chefe,  general  Schmidt,  estava  certo  de  apoderar-se  da  velha  Capital  em  poucas  horas.  Não  contava, entretanto,  com  a  heróica  resistência  que  os  habitantes  lhe  ofereciam.  Três  tanques  alemães  avançam lentamente  pelas  ruas  desertas.  De  repente,  um  grupo  de  escoteiros  lhes  sai  ao  encontro.  Surpresos,  os alemães  não  fazem  fogo.  Dois  garotos,  tomando  um  dos  fios  elétricos  da  rede  de  bondes  que  jazem  sobre  o solo,  aproximam-se  correndo  de  um  dos  enormes  veículos  e  jogam  o  fio  sobre  o  motor  quente.  Ao  produzir- se  o  contato,  o  tanque  se  incendeia.

Os  outros  blindados  disparam  as  suas  metralhadoras,  mas,  os  escoteiros  conseguem  escapar.  Acelerando  a marcha,  os  tanques  dirigem-se  para  a  Praça  União  de  Lublin,  uma  das  principais  da  Capital.  A  multidão  foge apavorada,  mas  um  chofer,  com  uma  lata  de  gasolina,  corre  para  um  dos  tanques  e,  lançando  o  inflamável, ateia-lhe  fogo.  Em  poucos  minutos,  o  veículo  transforma-se  em  uma  gigantesca  fogueira.  O  outro  tanque empreende  a  toda  velocidade  a  retirada.

Episódios  semelhantes  repetem-se  em  todos  os  bairros.  Soba  a  liderança  do  seu  decidido  e  valente  prefeito Stephane  Starcynski,  o  povo  de  Varsóvia  consegue  assim  rechaçar  a  primeira  investida  dos  alemães. Atrapalhado  com  essa  inesperada  resistência,  o  general  Schmidt  decide  distribuir  as  suas  forças  pelos arredores  da  cidade  e  esperar  a  chegada  da  infantaria.

O  aniquilamento  do  Exército  polonês:

Na  noite  de  9  de  setembro,  o  General  Dab-Biernacki,  chefe  do  Exército  Prússia,  chega  a  Brest-Litovsk.  Sem demora,  procura  o  Marechal  Smigly-Rydz  que  dois  antes,  instalara  ali  o  eu  QG.  Os  dois  chefes  apertam-se  as mãos  e,  durante  alguns  segundos,  permanecem  em  silêncio.  Finalmente,  Dab-Biernack  comunica  ao  seu superior  a  tremenda  notícia:  -  Marechal.  Está  tudo  perdido.  Os  alemães  destruíram  esta  noite  o  meu  exército, na  margem  direita  do  Vístula.

Smigly-Rydz,  abatido,  deixa-se  cair  em  uma  cadeira.  O  aniquilamento  do  Exército  Prússia  põe  fim  às  últimas esperanças  de  constituir  uma  nova  frente  defensiva.  Nada  mais  pode  deter  o  avanço  alemão  para  Varsóvia. Dois  dias  antes,  o  marechal  dera  a  Dab-Biernacki  a  ordem  de  deslocar  rapidamente  as  suas  forças  para  leste do  Vístula,  mas,  em  vertiginoso  avanço,  as  divisões  motorizadas  de  Rundstedt  envolveram  pelo  norte  e  pelo sul  as  divisões  polonesas  e  as  cercaram.  A  8  de  setembro  a  batalha  terminava.  As  últimas  três  divisões  do Exercito  Prússia  foram  aniquiladas.

A  Wehrmacht,  dando  estrito  cumprimento  ao  seu  plano  de  campanha,  empreendeu  em  seguida  a  destruição dos  exércitos  dos  generais  Bortnowski  e  Kurtrzeba,  cujas  unidades,  que  tinham  mais  da  metade  dos  efetivos totais  do  exército  polonês,  ficaram  isolados  a  oeste  do  Vístula.

Na  manhã  de  10  de  setembro,  o  general  Kurtrzeba,  inicia  um  violento  ataque  para  o  sul,  para  golpear  o flanco  esquerdo  da  gigantesca  cunha  lançada  pelos  alemães  e  conter  o  avanço  dos  blindados  para  Varsóvia.

A  12  de  setembro,  o  general  Kurtrzeba  e  o  general  Bortnowski  realizam  uma  conferência  às  margens  do Bzura.  Ao  sul  deste  rio,  os  seus  soldados  sustentam  desesperados  combates  com  as  tropas  de  von  Blaskowitz, sob  o  bombardeio  incessante  e  demolidor  da  artilharia  e  dos  Stukas.  Em  poucos  minutos,  os  dois  chefes tomam  uma  resolução  extrema.  Fracassou  o  ataque  para  o  sul  e,  de  todas  as  direções  convergem  forças alemães.  Decidem  sustar  imediatamente  a  ofensiva  e  empreender  no  dia  seguinte  a  retirada  para  Varsóvia. Entretanto,    é  tarde.

O  cerco  estendido  por  von  Rundstedt  fecha-se  inexoravelmente.  As    e    DP  que  se  encontravam  frente  à Varsóvia,  dão  meia  volta  e  dirigem-se  a  toda  velocidade  para  o  Bzura,  para  cortar  pelo  leste,  a  retirada  dos poloneses.  Do  norte,  o    Exército  de  Von  Kluge  avança  em  marcha  forçada  e  completa  a  barreira  que,  pelo oeste  e  sul,  foi  levantada  pelo    Exército  de  Blaskowistz.  Na  manhã  de  16  de  setembro,  os  alemães  iniciam o  ataque.  Os  Panzers  atravessam  o  Bzura  e,  aniquilando  todas  as  forças  que  se  colocam  pelo  caminho alcançam  a  localidade  de  à  Kiernoczie,  situada  no  centro  da  gigantesca  bolsa.  A  sorte  dos  exércitos poloneses  está  selada.  No  outro  dia,  os  alemães  recrudescem  a  violência  da  ofensiva.

Cai  a  noite.  Pelos  caminhos  que  vão  ao  leste,  marcham,  e  meio  a  um  caos  indescritível,  milhares  de  soldados poloneses.  Sobre  as  margens  do  Bzura,  chocam-se  com  os  alemães  e  se  desenrola  uma  luta  furiosa  e sangrenta.  Duas  brigadas  de  cavalaria  conseguem  romper  o  cerco  e  evadir-se  para  Varsóvia,  através  de

espessos  bosques.  O  General  Kurtrzeba,  acompanhado  por  um  grupo  de  oficiais,  consegue  também  chegar  à Capital.  O  general  Bortnowski  cai  prisioneiro.  Ao  despontar  do  dia  18  de  setembro,  a  Luftwaffe  lança  todos os  seus  efetivos  ao  ataque.  Com  um  rugido  ensurdecedor,  os  Stukas  abatem-se  sobre  as  indefesas  colunas  de soldados,  metralhando-os  sem  piedade.  Poucas  horas  depois  a  batalha  termina.  Está  destruído  o  grosso  do Exército  polonês.

O  final:

Enquanto  se  travam  os  últimos  e  sangrentos  combates  da  batalha  do  Bzura,  o  19°  Corpo  Blindado  do  general Guderian,  avança  da  Prússia  Oriental  para  o  sul  e,  depois  de  atravessar  o  rio  Narew  e  aniquilar  as  forças polonesas  que  encontra  pelo  caminho,  flanqueia  Varsóvia  pela  retaguarda.  Sem  deter  a  sua  marcha,  os tanques  alemães  ocupam  a  cidade  de  Brest-Litovsk  e,  a  16  de  setembro,  fazem  contato  com  as  unidades  de von  Rundstedt,  nas  margens  do  rio  Bug.  Assim,  tal  como  foi  planejado,  as  forças  vindas  do  norte  e  do  sul fecham  finalmente  a  gigantesca  armadilha  sobre  a  totalidade  do  exército  polonês.  No  dia  seguinte,  os  russos, dando  cumprimento  às  cláusulas  secretas  do  tratado  germano-russo,  cruzam  as  fronteiras  orientais  da  Polônia e,  avançando  rapidamente  para  oeste,  chegam  à  Brest-Litovsk.

No  mesmo  dia  em  que  os  russos  entram  na  Polônia,  o  marechal  Smigly-Rydz  foge  para  a  Romênia. Varsóvia,  entretanto  continua  resistindo.    se  concentra  os  restos  do  Exército  polonês  que,  sob  o  comando do  General  Rommel,  prepara-se  para  enfrentar  a  investida  final  da  Wehrmacht.

Hitler  ordena  e,  a  25  de  setembro,  começa  o  bombardeio  aéreo  maciço  de  Varsóvia.  Por  todo  o  dia,  os  Stukas metralham  e  bombardeiam  implacavelmente  a  indefesa  cidade.  Ao  cair  da  noite  e  à  luz  dos  incêndios  que  se propagam  por  todos  os  bairros,  os  alemães  iniciam  o  ataque  decisivo.  Combatendo  furiosamente,  os  soldados e  civis  poloneses  recuam  lentamente  para  o  centro.  As  munições  e  víveres  se  esgotam.  Não    medicamentos para  atender  aos  milhares  de  feridos  e  falta  água.

A  27  de  setembro,  o  general  Rommel  se  rende.  Ao  meio  dia,  cessa  o  fogo  e  os  soldados  queimam  as bandeiras  dos  seus  regimentos,  para  que  não  caíam  nas  mãos  dos  alemães.  Dois  dias  depois,  as  tropas  do  8° Exército  de  von  Blaskowitz  entram  em  Varsóvia.

Inglaterra  e  França  entram  na  guerra

Na  manhã  de  3  de  setembro  de  1939,  quando  as  forças  polonesas  lutavam  desesperadamente  contra  a Wehrmacht,  o  embaixador  inglês  em  Berlim,  Sir  Nerville  Henderson,  entrou  no  escritório  de  von Ribbentrop,  ministro  das  Relações  Exteriores  do  Reich.

Na  ausência  deste,  o  diplomata  foi  recebido  pelo  Dr.  Paul  Schmidt,  intérprete  pessoal  de  Hitler.  Henderson saudou-o  friamente  e,  sem  maiores  formalidades,  leu,  com  voz  grave  e  solene,  a  nota  do  seu  Governo,  que era  um  ultimato  final:  Chamberlain  comunicava  a  Hitler  que,  a  partir  das  3  horas  da  tarde  desse  dia,  a Inglaterra  entraria  em  guerra  com  a  Alemanha,  se  a  Wehrmacht  não  cessasse  imediatamente  o  seu  ataque  à Polônia  e  evacuasse  os  territórios  conquistados.

Terminada  a  leitura,  Henderson  entregou  uma  cópia  do  documento  a  Schmidt  e  retirou-se.  Sem  perder  um instante,  Schmidt  dirigiu-se  à  Chancelaria  do  Reich  e  entrou  no  escritório  de  Hitler.  Este  achava-se  sentado frente  a  uma  grande  janela,  acompanhado  por  Ribbentrop.  Schmidt  traduziu  rapidamente  a  nota  britânica.  Ao terminar,  a  sala  ficou  em  absoluto  silêncio.  Hitler,  finalmente,  pôs-se  de    e  perguntou  a  Ribbentrop  com voz  ameaçadora:  -  E  agora,  que  mais?

O  submisso  ministro  respondeu:  Suponho  que  os  franceses  entregarão  um  ultimato  semelhante,  dentro  de uma  hora.

Pouco  depois  do  meio  dia,  o  embaixador  francês  Robert  Coulondre  entregou  a  Ribbentrop  ultimato  do  seu governo.  Assim,  21  anos  depois  do  término  da  Primeira  Guerra  Mundial,  a  Inglaterra,  a  França  e  a  Alemanha lançavam-se  novamente  à  luta.  A  Europa  e  o  mundo  não  tardariam  em  se  verem  envolvidos  no  conflito.

Anexo

A  Expansão  da  Alemanha

Principais  acontecimentos:

11  de  novembro  de  1918  -  Termina  a  Primeira  Guerra  Mundial.

Setembro  de  1919  -  Em  Munique,  Adolf  Hitler,  se  incorpora  ao  Partido  Alemão  dos  Trabalhadores.

  de  abril  de  1919  -  O  Partido  Alemão  dos  Trabalhadores  converte-se  no  Partido  Nacional  Socialista  dos Trabalhadores  Alemães

9  de  novembro  de  1923  -  Adolf  Hitler  leva  a  cabo  o  Putsch  de  Munique.  Depois  do  fracasso,  é  preso.

  de  abril  de  1924  -  Adolf  Hitler  é  condenado  à  prisão  e  permanece  9  meses  recolhido  na  prisão  de  Ladsberg.  Ali escreve  seu  Mein  Kampf  (Minha  Luta).

31  de  julho  de  1932  -  Nas  eleições  efetuadas  na  Alemanha,  o  Partido  Nacional  Socialista  obtém  13.745.000  votos  (37% do  eleitorado).  Os  restantes  63%  pertencem  aos  partidos  da  oposição,  cujos  principais  exponentes  são  o  Partido Comunista  e  o  Social-Democrata.

6  de  novembro  de  1932  -  Em  novas  eleições,  os  nacionais-socialistas  perdem  2  milhões  de  votos.  Por  seu  lado,  os comunistas  ganham  750  mil.  No  Reichstag,  o  Partido  Nacional  Socialista  reúne  196  cadeiras,  contra  121  dos  sociais- democratas  e  100  dos  comunistas.

30  de  janeiro  de  1933  -  Hitler  pactua  com  grupos  conservadores  e  é  designado  pelo  presidente  Hindenburg,  Chanceler do  Reich

5  de  março  de  1933  -  Data  da  última  eleição  democrática  na  Alemanha.  O  Partido  Nacional  Socialista  obtém 17.277.180  votos  (44%),  os  sociais-democratas  7.181.629,  os  comunistas  4.848.058,  os  partidos  do  centro  e  Bávaro  do povo  5.500.000  e  os  nacionalistas  3.136.760.

24  de  março  de  1933  -  Por  meio  de  um  decreto-lei,  Hitler  recebe  plenos  poderes

14  de  outubro  de  1933  -  A  Alemanha  se  retira  da  Sociedade  das  Nações

26  de  janeiro  de  1934  -  A  Alemanha  e  a  Polônia  forma  um  tratado  de  não  agressão

30  de  junho  de  1934  -  Os  Nazistas  assassinam  numerosos  líderes  das  SA  (Roehm  entre  estes)

26  de  julho  de  1934  -  Os  nazistas  assassinam,  na  Áustria,  o  chanceler  Dollfuss

2  de  agosto  de  1934  -  Morre  o  presidente  do  Reich,  von  Hindenburg,  Hitler  é  nomeado  Fuhrer  e  Chanceler  do  Reich

13  de  janeiro  de  1935  -  A  Alemanha  ocupa  o  território  do  Sarre.

16  de  março  de  1935  -  Hitler  implanta  o  serviço  militar  obrigatório  na  Alemanha.  Começa  o  rearmamento.

7  de  março  de  1936  -  A  Wehrmacht  ocupa  a  zona  desmilitarizada  do  Reno

25  de  outubro  de  1936  -  Criação  do  “Eixo”  Roma-  Berlim

25  de  novembro  de  1936  -  Alemanha  e  Japão  firmam  o  pacto  anti-komintern

4  de  fevereiro  de  1938  -  Hitler  afasta  do  comando  militar  a  von  Blomberg  e  von  Fritsch,  ministro  da  Guerra  e comandante  em  chefe  do  Exército,  respectivamente.  O  Fuhrer  assume  o  comando  da  Wehrmacht

12  de  março  de  1938  -  A  Alemanha  ocupa  o  território  da  Áustria

29  de  setembro  de  1938  -  Assinado  o  tratado  de  Munique.  O  território  sudeto  passa  ao  poder  da  Alemanha.

16  de  março  de  1939  -  A  Alemanha  cria  os  protetorados  da  Boêmia  e  Morávia.  A  Wehrmacht  ocupa  esses  territórios.

23  de  março  de  1939  -  A  Wehrmacht  ocupa  a  região  do  Memel

22  de  maior  de  1939  -  Firmada  a  aliança  militar  ítalo-alemã  (  Pacto  de  Aço)

  de  setembro  de  1939  -  Às  4:45  h  a  Wehrmacht  invade  a  Polônia

A  Guerra  Relâmpago:

A  Wehrmacht  surpreendeu  o  mundo  com  uma  revolucionária  concepção  da  guerra.  O  ataque  à  Polônia  permitiu  aos exércitos  alemães  provar  sobre  o  terreno  a  arrasadora  superioridade  dos  elementos  mecanizados.  Com  efeito,  as  divisões Panzer,  apoiada  pelos  Stukas,  envolveram  facilmente  os  regimentos  de  infantaria  e  as  brigadas  de  cavalaria  poloneses. O  heroísmo  empregado  pelos  combatentes  poloneses  nada  pôde  ante  o  furacão  de  aço  e  fogo  dos  blindados  e  da  aviação alemã.

A  maior  parte  das  operações  ofensivas  levadas  a  cabo  pela  Wehrmacht  na  campanha  da  Polônia  foram  cumpridas seguindo  as  seguintes  determinações:

1  -  Um  corpo  do  exército  enfrenta  a  posição  inimiga  ao  largo  de  uma  frente  de  aproximadamente  3Km  por  divisão.  O ataque  pode  ser  levado  a  cabo  com  tanques  ou  sem  eles.  A  artilharia  nunca  oferece  grande  apoio.  A  aviação  por  seu lado,  bombardeia  intensamente  as  linhas  inimigas.

2  -  Se  o  ataque  lançado  fosse  rechaçado,  as  forças  alemães  não  insistem;  pelo  contrário,  retrocedem.  Tal  procedimento compreende  também  os  tanques,  que  não  procuram  forçar  a  passagem.  O  objetivo,  que  não  é  outro  senão  descobrir  os pontos  fracos  ou  fortes  da  linha  inimiga,  foi  alcançado.

3  -  Depois  de  alguns  movimentos  de  reconhecimento,  inicia-se  o  ataque,  com  meios  muito  poderosos;  trata-se,  neste caso,  de  uma  divisão  blindada  ou  de  uma  divisão  ligeira,  apoiada  por  tanques  ou  por  uma  unidade  de  tanques.  Além disso,  a  artilharia  e  a  aviação  dão  o  máximo  apoio.  A  artilharia,  principalmente,  dispara  não  somente  sobre  alvos importantes  mas  também  sobre  o  alvo  que  puder  afetar  psicologicamente  as  tropas  inimigas,  ao  ser  incendiado  ou destruido.

4  -  As  divisões  que  não  participaram  do  rompimento  atacam,  por  sua  vez  e  ocupam  a  posição,  aproveitando  a  confusão e  o  desconcerto  do  inimigo.

Em  linhas  gerais,  o  ataque  alemão  caracteriza-se  por  uma  série  de  incursões  de  ensaio,  às  quais  se  segue  uma  investida realizada  com  todos  os  meios  disponíveis.  No  ataque  final  emprega-se  a  fundo  todos  os  elementos  blindados.

Emprego  tático  das  diferentes  armas:

Infantaria:

O  infante  alemão  revelou-se  excelente  soldado.  Algumas  unidades  deverão  cumprir,  combatendo,  de  25  a  30  Kms  por dia.  Etapas  de  50  Kms  foram  freqüentes.

Artilharia

Empregou  basicamente  o  obus  calibre  10.5.  Atuou  em  forma  preponderante  na  preparação  e  apoio  dos  ataques, realizando  concentrações  de  fogo  breves  mas  extremamente  violentas.

Cavalaria

Muito  útil  nas  missões  de  reconhecimento  e  perseguição

Engenharia

Cumpriu  papel  importante.  Assegurou  a  travessia  dos  cursos  de  água,  integrou  pelotões  de  assalto  e  utilizou  lança- chamas  e  explosivos  de  demolição.

Aviação

Atacou  as  tropas  terrestres,  regulou  o  tiro  da  artilharia,  abasteceu  de  combustível  as  unidades  blindadas  e  lançou  pára- quedistas.  Atuou,  também  no  reconhecimento  e  exploração.

Blindados

Demonstraram  algumas  falhas.  A  blindagem  foi  perfurada  pelo  fuzil  antitanque  Mauser.  Nenhum  modelo  pôde  resistir ao  impacto  do  projétil  do  canhão  de  37mm  polonês.  O  canhão  dos  tanques  demonstrou  ser  eficaz  a  distancias  de  500  a 1000  metros,  contra  armas  automáticas  localizadas  em  abrigos  de  cimento  armado,  somente  quando  o  projétil  atingia  as troneiras.  Nas  operações  de  rompimento  os  tanques  foram  sempre  empregados  em  massa.

Cartas  trocadas  entre  Hitler  e  Stalin

De  Hitler  a  Stalin:

Berlim,  20  de  agosto  de  1939

Senhor  Stalin.  Bem  vindo  o  convênio  comercial  russo-germânico.  É  o  primeiro  passo  na  aproximação  das  relações germano-soviéticas.  A  conclusão  de  um  pacto  de  não  agressão  com  a  Rússia  me  permitirá  fixar  a  política  alemã  por muito  tempo.  A  Alemanha,  assim,  assegurará  o  progresso  político  que  beneficiará  a  ambos  os  Estados  por  séculos. Aceito  a  proposição  do  pacto  de  não  agressão  feita  pelo  seu  Ministro  das  Relações  Exteriores,  sr.  Molotov,  mas considero  que  é  urgente  esclarecer  os  assuntos  relacionados  com  ele.  O  protocolo  suplementar  desejado  pela  Rússia poderá,  estou  convencido,  esclarecer  no  menor  tempo  possível  se  os  estadistas  alemães  puderem  ir  negociar pessoalmente.  A  tensão  entre  a  Alemanha  e  a  Polônia  tornou-se  intolerável.  A  situação  piora  dia  a  dia.  A  Alemanha,  em conseqüência,  está  disposta  a  defender  os  interesses  do  Reich  por  todos  os  meios  disponíveis.  Na  minha  opinião,  é necessário,  em  vista  da  intenção  dos  dois  Estados  de  iniciar  novas  relações,  não  esperar  mais  tempo.  Proponho  que  o Senhor  receba  meu  Ministro  das  Relações  Exteriores  na  terça-feira  22,  ou  no  máximo,  na  quarta,  23.  O  Ministro  das Relações  Exteriores  do  Reich  está  autorizado  a  firmar  o  pacto  de  não  agressão  e  também  o  protocolo.  Uma  permanência do  Ministro  em  Moscou  de  mais  de  um  ou  dois  dias  é  impossível  pela  grave  situação  internacional.  Receberei  com satisfação  a  sua  resposta.  Adolf  Hitler

De  Stalin  a  Hitler:

Moscou,  21  de  agosto  de  1939

A  Chanceler  do  Reich  alemão,  Adolf  Hitler:  Agradeço  a  sua  nota.  Deseja  a  concretização  do  pacto  de  não  agressão russo-germânico,  porque  melhorará  as  relações  entre  os  dois  países.  Os  povos  das  duas  nações  necessitam  de  relações pacíficas  mais  que  nenhum  outro.  O  assentimento  do  Governo  alemão  à  assinatura  de  um  pacto  de  não  agressão contribui  para  eliminar  a  tensão  política  e  ajuda  a  estabelecer  a  paz  e  a  colaboração  entre  os  dois  países.  O  Governo  da União  Soviética  informa  que  espera  o  sr  Von  Ribbentrop  em  Moscou  a  23  de  agosto.  Josef  Stalin

Comando-Supremo  da  Wehrmacht

Berlim,  agosto  de  1939

Diretiva  de  Guerra    1

1.

As  possibilidades  pacíficas  para  solucionar  os  problemas  surgidos  na  fronteira  do  oeste,  onde  a  situação  da Alemanha  é  intolerável,  fracassaram.  Portanto,  decidi  solucioná-la  pela  força.

2.

O  ataque  à  Polônia  se  realizará  d  acordo  com  os  planos    fixados.  Levar-se-ão  em  conta  as  alterações  que resultem,  no  que  respeita  ao  Exército  do  estado  atual  de  preparação  do  mesmo.  A  indicação  das  tarefas  e  a  ordem das  mesmas  são  as  previstas.  Data  do  ataque:  1 o  de  setembro  de  1939.  Hora:  4:45  horas.  As  indicações correspondem  à  operação  em  Gydnia,  baía  de  Dantzig  e  ponte  Dirschau.

3.  No  oeste  é  importante  que  a  responsabilidade  pelo  começo  das  hostilidades  recaia  sobre  a  Inglaterra  e  a  França.  A neutralidade  da  Holanda  e  Bélgica,  Luxemburgo  e  Suiça  dever  ser  escrupulosamente  respeitada.  Por  terra:  a fronteira  do  oeste  não  deve  ser  cruzada  sem  minha  expressa  permissão.  No  mar:  igual  ordem

4.  Se  a  Inglaterra  e  a  França  iniciarem  as  hostilidades  contra  a  Alemanha,  a  tarefa  da  Wehrmacht  no  oeste  consiste em  conservar  as  suas  forças  até  a  conclusão  da  vitória  da  campanha  da  Polônia.  Dentro  destes  limites,  as  forças inimigas  e  os  seus  recursos  militares  e  econômicos  devem  ser  golpeados  até  onde  seja  possível.  A  ordem  de  ataque será  dada  por  mim  pessoalmente,  em  qualquer  caso.  O  exército  deverá  estar  pronto  para  defender  a  muralha  do oeste  e  prevenir  qualquer  manobra  de  flanco  por  parte  das  potências  do  oeste,  caso  violem  o  território  da  Bélgica  e

Holanda.  Ao  levar  a  guerra  à  Inglaterra,  a  direção  dos  ataques  da  Luftwaffe  se  concentrará  na  interrupção  do transporte  de  tropas  para  a  França.  Os  ataques  contra  Londres  serão  decididos  por  mim  pessoalmente.

Adolf  Hitler:

A  “agressão”  polonesa

As  primeiras  sombras  da  noite  começavam  a  cair  sobre  um  povoado  alemão,  próximo  à  fronteira  com  a  Polônia.  Era Gliwitz,  pequena  cidade  limítrofe.  Um  pouco  afastada  da  população,  levantava  as  suas  instalações  uma  estação transmissora  de  rádio.  O  relógio  marcou  20  horas.  Um  estranho  silêncio  tudo  envolveu.  Um  silêncio  carregado  de tensão...

O  ataque:

Juntamente  com  as  batidas  que  assinalaram  a  hora,  rápido  roças  de  botas  indicou  a  presença  de  um  grupo  de  homens. Eram  8  ou  10  soldados.  A  frente  um  oficial.  Os  uniformes,  poloneses.  Irromperam  bruscamente  na  sala  e  se  deslocaram em  silêncio.  O  oficial  levantou  o  braço.  Os  soldados  preparam  as  armas  automáticas.  Com  um  gesto  brusco  o  braço desceu.  Uma  ensurdecedora  descarga  estremeceu  as  paredes  do  pequeno  edifício.  A  seguir,  com  a  mesma  rapidez  com que  chegaram,  os  soldados  atacantes  se  retiraram.  Mais  adiante,  porém,  movimentaram-se  com  menos  pressa,  de  tal modo  que  os  habitantes  que  acorreram  às  janelas  das  suas  casas  puderam  observar  claramente  os  seus  uniformes poloneses  e  escutaram  as  sua  vozes  gritando  as  ordens  em  idioma  polonês.  Estranha  demora  aquela.  Todo  o  povoado  foi testemunha,  dessa  maneira,  do  criminoso  ataque  que  soldados  poloneses  efetuaram  contra  aquele  pacífico  posto  alemão. Mas,  nem  tudo  havia  terminado  ainda.  No  interior  da  estação  transmissora,  manipulando  rapidamente  os  aparelhos,  um soldado  polonês  leu  ante  o  microfone  uma  breve  declaração  em  que  dizia  haver  chegado  o  momento  da  guerra  entre  a Polônia  e  a  Alemanha.  Depois,  o  silêncio.

Sobre  o  chão  da  sala,  um  cadáver  era  a  muda  testemunha  daquele  ataque  polonês.  Simultaneamente,  em  diversos lugares  na  fronteira  germano-polonesa,  efetuaram-se  ataques  semelhantes.

A  trapaça:

O  grupo  de  soldados  poloneses  retirou-se  para  o  território  da  Polônia  e,  após  percorrer  um  breve  caminho,  voltou  sobre seus  passos,  re-ingressando  em  território  alemão.  O  oficial  “polonês”  que  os  comandava  era  Alfred  Naujoks,  oficial alemão  das  SS.  Os  soldados  “poloneses”  que  o  seguiram  na  ação  eram  homens  pertencentes  à  sua  própria  seção  da  SS. O  “soldado”  morto  no  ataque  era  um  prisioneiros  dos  nazistas,  vestido  com  uniforme  polonês  e  adormecido  com  drogas. O  plano  fôra  confiado  ao  SS  Naujouks,  no  dia  10  de  agosto  de  1939.  A  ordem  de  pô-lo  em  prática  fôra  dada  na  manhã de  31  de  agosto.  O  ataque  devia  produzir-se  nessa  mesma  noite,  às  20  horas.

No  dia  seguinte,  1 o  de  setembro,  o  Fuhrer  declarava  no  Reichstag:  “Pela  primeira  vez,  esta  noite,  tropas  regulares polonesas  abriram  fogo  contra  o  território  do  Reich.  A  partir  das  5:45  horas,  respondemos  ao  fogo  e,  de  agora  em diante,  às  bombas  replicaremos  com  bombas”.

A  sinistra  trapaça  urdida  pelo  Alto-Comando  Alemão  convertia  o  agredido  em  agressor.

As  Forças  Polonesas:

Por  volta  de  1939,  o  exército  polonês  contava  com  18.000  oficiais  e  35.000  suboficiais  em  atividade.  Após  o  inicio  das hostilidades,  o  total  de  efetivos  mobilizados,  às  ordens  desses  oficiais  chegou  a  1.700.000  homens.

A  constituição  das  forças  polonesas  era  a  seguinte:

Infantaria

39  divisões  -  5  brigadas  independentes  -  1  regimento  independente  -  7  batalhões  de  caçadores  -  7  de  metralhadoras  -  9 de  guarnição  e  40  de  “defesa  nacional”

Cavalaria

11  brigadas  -  1  regimento  independente

Artilharia

10  Estado-Maior  de  Comando  de  Artilharia  -  31  regimentos  de  artilharia  de  campanha  (3  grupos  de  3  baterias  cada  um) (cada  bateria,  4  peças)  -  3  grupos  de  campanha,  independentes  -  10  regimentos  de  artilharia  pesada  -  6  grupos  de artilharia  pesada,  independentes  -  1  regimento  de  artilharia  motorizada  -  1  regimento  de  artilharia  pesada  motorizado  - 11  grupos  de  artilharia  -  1  grupo  e  1  bateria,  independentes  de  reconhecimento

Tropas  blindadas

2  brigadas  motorizadas  -  1  companhia  blindada  por  cada  brigada  de  cavalaria  -  3  agrupamentos  de  tanques  (11 batalhões  no  total)  -  20  trens  blindados  (11  de  verdadeiro  valor  militar)

Total  de  elementos  blindados:  169  tanques  7TP,  50  tanques  Vickers,  67  tanques  Renault,  693  carriers,  100  autos blindados,  146  caminhões-oficina,  71  tratores  e  110  transportadores  de  tanques,  552  reboques-cisterna,  22  locomotivas (11  blindadas),  33  vagões  blindados  de  combate,  22  plataformas  para  artilharia  e  90  vagões  especiais.

Artilharia  antiaérea

31  baterias  de  40mm  -  11  seções  de  40mm  -  20  baterias  de  40mm,  semimotorizadas  -  8  grupos  de  75mm  -  86 companhias  de  metralhadoras  antiaéreas

Engenheiros

33  batalhões  -  54  companhias  independentes  -  23  seções  de  parque  -  20  trens  de  pontes  leves  -  4  trens  de  pontes  pesadas -  1  batalhão  motorizado  -  6  companhias  motorizadas  -  3  de  projetores  -  2  batalhões  de  ferroviários  -  1  de  eletrotécnico  e 1  de  exploração  de  usinas  elétricas

Comunicações

1  regimento  de  radio  -  4  batalhões  telegráficos,  independentes  -  6  companhias  de  reserva  -  30  telegráficas  -  12 esquadrões  de  comunicações.

Com  posição  de  uma  divisão  de  infantaria  polonesa

Setembro  de  1939

Ao  começar  a  Segunda  Guerra  Mundial,  uma  divisão  de  infantaria  polonesa  constituía-se  de  três  regimentos,  divididos cada  um  em  três  batalhões,  perfazendo  um  total  de  nove  batalhões.

A  constituição  de  um  batalhão  era  a  seguinte:  3  companhias  de  atiradores;  1  companhia  de  metralhadoras;  1  seção antitanque  (3  peças);  1  fuzil  antitanque  para  cada  secção  de  atiradores.

A  artilharia  da  divisão  compreendia:  1  regimento  de  artilharia  leve,  integrado  por  3  grupos  de  3  baterias  cada  um  (4 peças  por  bateria);  1  grupo  de  artilharia  pesada,  compreendendo  1  bateria  de  canhões  de  105  mm  e  1  bateria  de  obuses de  155  mm  (cada  bateria  estava  integrada  por  3  peças)

Além  disso,  a  divisão  era  composta  de:  1  destacamento  de  exploração  (1  esquadrão  de  cavalaria  e  1  companhia  de ciclistas);  1  batalhão  de  sapadores;  1  bateria  antiaérea  (calibre  40  mm);  1  seção  de  aviação  de  observação;  1  companhia de  comunicações  (3  seções  telegráficas  e  1  de  rádio);  1  companhia  de  saúde.  Abastecimentos  e  serviços

Uma  brigada  de  cavalaria  compreendia:  3-4  regimentos  de  cavalaria

1  regimento  de  cavalaria  era  composto  de:  5  esquadrões  de  combate;  1  esquadrão  pesado;  1  esquadrão  de  engenheiros; 1  grupo  de  artilharia  montada  (3-4  baterias  leves);  1  companhia  de  tanques  leves.  Abastecimentos,  comunicações  e serviços.

Primeiro  comunicado  oficial  alemão

Berlim,  1 o  de  setembro  de  1939

“No  curso  das  operações  militares  na  Silésia,  Pomerânia  e  Prússia  Oriental,  firam  conquistados  todos  os  objetivos  do primeiro  dia.  A  aviação  alemã,  atuando  com  o  maior  entusiasmo,  bombardeou  com  completo  êxito,  os  aeroportos  de Rahmel,  Quiztig.  Graudenz,  Poznam,  Loos,  Tomaszow,  Buda,  kattowitz,  Cracóvia,  Lemberg  e  Brest,  destruindo  todas as  bases  militares  desses  lugares.  As  tropas  do  sul,  que  avançam  através  das  montanhas,  chegaram  a  uma  linha  entre Neumarket,  Sucha,  ao  sul  da  Maerich,  e  o  rio  Olsa  foi  atravessado  perto  de  Puschen.  Na  zona  industrial  de  Sude,  as tropas  avançaram  até  Kattowitz.  Vários  contingentes  de  tropas,  que  operam  na  Silésia,  avançaram  para  o  norte,  em direção  a  Pschenstaochau.  As  tropas  que  operam  no  “Corredor”,  desde  Brahe,  chegaram  ao  Rio  Netze,  perto  de  Nakelin, nas  proximidades  de  Grausentz.

As  primeiras  horas  da  guerra  em  Berlim:

Pode-se  dizer  que  a  capital  do  Reich  não  foi  afetada  pelas  atividades  bélicas.  Durante  o  discurso  de  Hitler  em  frente  ao Reichstag,  um  reduzido  grupo  de  pessoas  aglomerou-se  ante  a  chancelaria,  na  Wilhelmstrasse.  Hitler  foi  aclamado quando  passou  rapidamente  e,  minutos  depois,  ocorreu  um  incidente  embaraçoso:  vários  guardas  alinharam-se  em frente  à  chancelaria  e  começaram  a  gritar:  “Queremos  ver  o  nosso  Fuhrer”,  mas  a  multidão  não  os  imitou.  Os semblantes  graves  dos  presentes  iluminaram-se  por  um  momento,  quando  chegou  um  carro  equipado  com  câmaras fotográficas  e  levando  fotógrafos,  que  faziam  às  vezes  de  animadores,  para  que  as  fotos  fossem  mais  espontâneas.  Entre risos,  muitos  respondiam  com  heils,  embora  não  houvesse  ali  ninguém  para  ser  aclamado,  exceto  os  fotógrafos.

Em  geral,  acalma  foi  total  entre  a  população,  que  recebeu  a  notícia  do  início  das  hostilidades  quase  com  apatia.

Guderian:

-  Creia-me.  Nunca  veremos  rodar  os  tanques  alemães.  A  sua  utilização  não  é  mais  que  um  projeto  irrealizável.

Um  entrechocar  de  botas  e  duas  leves  inclinações  precederam  o  aperto  de  mão  que  selou  a  despedida  do  General Joachim  Stulpnagel,  chefe  da  3 a  divisão  de  infantaria,  e  do  chefe  do  3 o  Grupamento  de  Automóveis

Corria  a  primavera  do  ano  de  1931  e  ainda  faltava  muito  caminho  a  percorrer  para  a  novíssima  arma  blindada.  Na realidade,  repetindo  as  palavras  do  General  Stulpnagel,  podia  considera-se  que  aquilo  não  era  mais  do  que  um  projeto irrealizável.  “Um  projeto  irrealizável.  Não  estou  certo  disso”.  Provavelmente,  essa  foi  a  conclusão  que  aquela  conversa provocou  no  espírito  do  jovem  interlocutor  de  Stulpnagel.  “Não  estou  tão  certo  disso”.  Na  realidade,  intimamente  estava convencido  do  contrário.

De  fato,  estava  cegamente  convicto  do  valor  das  unidades  blindadas,  pelas  quais  lutava  sem  descanso  aquele  jovem Comandante,  Heinz  Guderian.  A  17  de  junho  de  1888,  o  Primeiro-Tenente  Frederico  Guderian,  do  2 o  Batalhão  de Caçadores  da  Pomerânia,  foi  surpreendido  pela  ansiada  notícia:  o  nascimento  do  seu  primeiro  filho.  O  jovem  tenente Guderian  não  imaginava,  então,  que  aquele  pequenino  rebento  seria  o  homem  que,  muitos  anos  depois,  revolucionaria  a concepção  clássica  da  guerra.

Seguindo  a  tradição  paterna,  o  jovem  Heinz  entrou  na  carreira  das  armas  a    de  abril  de  1901,  aos  12  anos,  vestiu  o uniforme  da  Escola  de  Cadetes  de  Karlsruhe,  da  qual  saiu  em  fevereiro  de  1907,  para  servir,  como  aspirante  a  oficial,  no Batalhão  de  Caçadores  Hannoveriano    10,  de  guarnição  em  Bitsch,  Lorena,  cujo  chefe,  até  maio  de  1908,  foi  seu  pai. A  Guerra  Mundial  o  surpreendeu  ostentando  os  galões  de  tenente.  Em  outubro  de  1914,  foi  promovido  a  primeiro- tenente  e  em  dezembro  de  1915  a  capitão.  O  fim  da  guerra  chegou  para  Guderian,  após  haver  prestado  serviço  no Estado  Maior  do    Corpo  de  Exército,  no  EM  da    Divisão  de  Infantaria,  no  Comando  Geral  do  Corpo  de  Exército  da

Guarda,  na  CG  do  X  Corpo  de  Exército  da  reserva,  no  EM  do  Corpo  de  Exército  “C”,  e,  por  fim,  no  EM  do  38°  Corpo de  Exercito  de  reserva.

O  período  entre  as  duas  grandes  guerras  mundiais  não  deu  descanso  a  Guderian  e  as  suas  atividades  o  levaram  a comandar  diversas  unidades  de  fronteiras  e  intervir  para  sufocar  agitações  nas  comarcas  do  Ruhr,  em  Dessau  e Bitterfeld

Os  Panzer  em  marcha:

Em  janeiro  de  1922,  Guderian  foi  transferido  para  a  Inspeção  das  tropas  de  circulação,  seção  automóveis.  Previamente, a  fim  de  proporcionar-lhe  a  possibilidade  de  familiariza-se  com  a  sua  nova  arma,  foi-lhes  confiado  o  comando  da Unidade  de  Automóveis    1,  acantonada  em  Munique.  Aquela  experiência  seria  vital  para  ele  e  para  o  destino  da  futura guerra.  Livros,  artigos,  experiências  alheias  e  pessoais,  tudo  orientou-o  para  uma  nova  concepção  da  guerra.  Manuais franceses  e  ingleses  foram  lidos  e  estudados  minuciosamente.  A  escassa  experiência  de  combate  recolhida  pelos  carros blindados  alemães  foi  analisada  em  detalhe.  Confrontaram-se  opiniões  e  fatos  concretos.  E  como  o  próprio  Guderian declarou  uma  vez,  “em  terra  de  cegos,  quem  tem  um  olho  é  rei”.  Frente  à  ignorância  quase  total  dos  chefes  e  oficiais alemães  sobre  o  problema,  Guderian  converteu-se  na  autoridade  máxima  em  matéria  de  tanques,  em  toda  a  Alemanha. As  suas  aspirações,  porém,  iam  mais  longe  do  que  as  dos  seus  chefes  imediatos.  Ele  queria  fazer  dos  tanques  uma  arma independente  da  infantaria  e  não  a  sua  auxiliar.  O  tempo  demonstraria  o  acerto  das  suas  idéias.

Smigly-Rydz

-  Creio  que  será  interessante  fazer  uma  análise  do  jogo.  Vejamos.  Se  o  declarante  houvesse  jogado,  inadvertidamente, por  exemplo,  primeiro  duas  voltas  de  trunfo.  Os  três  homens  escutavam,  em  silêncio,  as  palavras  do  quarto  jogador. Sobre  o  pano  verde,  em  desordem,  as  cartas  de  bridge  punham  uma  nota  colorida.  Um  coro  de  murmúrios  aprovou aquelas  palavras.  Lentamente  ,  os  quatro  jogadores  levantaram-se.  Dois  deles  de  aproximaram  de  uma  das  grandes janelas  e  observaram  o  céu  aberto  de  nuvens.  O  terceiro,  cantarolando  entre  os  dentes  uma  canção  da  moda,  começou  a ajustar  o  cinturão  do  uniforme.  O  outro,  um  homem  alto,  espigado  de  cabelos  brancos  e  aspecto  juvenil,  encheu  os copos  com  legítimo  uísque  escocês.  Em  seguida,  dirigindo-se  ao  companheiro  de  jogo,  que  terminava  de  arranjar  o impecável  uniforme,  ofereceu:  -  Um  uísque,  caro  Goering?  Um  amplo  sorriso  precedeu  a  resposta.  Depois,  com  uma leve  inclinação  e  batendo  os  calcanhares,  o  nomeado  exclamou:  -  Será  um  prazer  recebê-lo  das  suas  mãos,  Marechal Smigly-Rydz...

Os  demais  jogadores,  Moscicki,  Presidente  da  Polônia,  e  o  General  Sosnkowski,  segundo  chefe  das  forças  armadas polonesas,  aproximaram-se  deles.  Aquelas  partidas,  de  que  costumavam  participar  o  Marechal  Goering  e  o  chefe  de polícia  da  Alemanha,  Himmler,  eram  freqüentes  no  pavilhão  das  terras  de  caça  do  presidente  da  Polônia.

O  Marechal  Smigly-Rydz  era  um  assíduo  participante;  o  seu  companheiro  de  jogo  era,  inevitavelmente,  o  Marechal Goering,  com  quem  se  entendia  às  maravilhas.  Setembro  de  1939  ainda  estava  longe.

Um  destino  marcado:

Varsóvia,  1904.  Academia  Imperial  de  Belas  Artes

Um  ruidoso  grupo  de  alunos  abandona  o  imponente  edifício,  perturbando  com  seus  risos  e  brincadeiras  os  tranqüilos transeuntes.  Após  eles,  silencioso,  desce  a  ampla  escadaria  um  jovem  alto,  delgado,  de  prematura  gravidade  no  andar.  É Eduardo  Simgly-Rydz,  um  adolescente  que  sonha  ser  pintor.  O  seu  verdadeiro  destino  começa  a  delinear-se  no  ano  de 1908,  apenas  ultrapassando  os  20  anos.  A  pintura  ficou  para  trás,  desalojada  por  um  novo  ideal:  a  liberdade  da  sua pátria.  Naquele  ano,  Pilsudski,  o  célebre  caudilho  polonês,  lidera  a  luta  ativa  pela  libertação  da  sua  pátria  da  dominação russa.  Smigly-Rydz,  sem  vacilar,  une-se  à  cruzada  do  chefe  indiscutível  e  lança-se  à  luta.  Os  anos  passam,  assinalando  a vida  do  futuro  marechal  com  o  que  será  o  seu  destino:  o  combate,  sem  descanso.  Entre  1914  e  1920,  as  suas  funções  na Legião  Polonesa  fazem-se  mais  e  mais  importantes.  Por  último,  nos  fins  da  segunda  década  do  século,  Pilsudski  confia- lhe  o  comando  de  uma  das  frentes  de  batalha,  na  guerra  contra  a  Rússia.

Nesse  momento  crucial,  Pilsudski,  após  negar-se  a  entregar  aos  alemães  a  famosa  Legião  Polonesa,  é  encarcerado.  A máquina  militar  da  Polônia  parece  jogada  à  sua  sorte  e  condenada  ao  desaparecimento,  quando  alguém  se  coloca  na liderança  da  organização:  Smigly-Rydz.

O  seu  destino  está  arcado.  A  paz,  talvez  a  suprema  ambição  do  heróico  marechal,  parece  fugir  ante  ele.  A  guerra,  ao contrário,  reclama-o  insistentemente.  E  chega  o  dia  1 o  de  setembro  de  1939.  Eduardo  Smigly  Rydz,  marechal  e  general- em-chefe  das  forças  armadas  polonesas,  enfrenta,  mais  uma  vez,  o  seu  destino.

Ultimato  aliado:

Berlim,  1 o  de  setembro  de  1939

A  França  e  a  Inglaterra  enviaram  nesta  noite  ao  Governo  do  Reich  notas  que  eqüivalem  a  um  ultimato,  exigindo  que  a Alemanha  ordene  a  imediata  retirada  das  tropas  alemães  que  invadiram  a  Polônia

O  texto  oficial  da  nota  britânica  é  o  seguinte:

“Nas  primeiras  horas  de  hoje  o  chanceler  alemão  fez  uma  proclamação  ao  Exército  alemão,  na  qual  se  indicava claramente  que  era  iminente  um  ataque  à  Polônia.

“As  informações  recebidas  pelo  Governo  de  Sua  Majestade  e  pelo  Governo  francês  mostram  que  as  tropas  alemães  já cruzaram  a  fronteira  polonesa,  o  que  foi  seguido  por  ataques  às  cidades  polonesas.

“Sob  tais  circunstâncias,  os  Governos  do  Reino-Unido  e  da  França  crêem  que  o  Governo  alemão,  por  esta  ação,  criou uma  condição  que  se  pode  qualificar  de  agressiva  e  de  atos  de  força  contra  a  Polônia,  ameaçando  a  independência  desse

país,  que  solicita  a  ajuda  do  Reino-Unido  e  da  França,  pedindo-lhes  que  empreguem  todas  as  suas  forças  em  defesa  da Polônia.

“Por  tal  razão,  devo  informar  a  Vossa  Excelência  que,  a  menos  que  o  Governo  alemão  suspenda  a  sua  ação  agressiva contra  a  Polônia,  e  que  esteja  disposto  a  retirar  suas  forças  do  território  polonês,  o  Governo  de  Sua  Majestade  no  Reino- Unido  cumprirá,  sem  vacilações,  as  suas  obrigações  para  com  a  Polônia”

Os  embaixadores  britânico  e  francês  confirmaram  este  ultimato  no  dia  3  de  setembro  de  1939

Declaração  de  Chamberlain:

Londres,  1 o  de  setembro  de  1939

Em  sensacional  declaração  na  Câmara  dos  Comuns,  o  Primeiro-Ministro  Chamberlain,  expôs  com  toda  firmeza  a posição  da  Inglaterra  ante  o  fato  consumado  do  ataque  alemão  à  Polônia  e  expressou  que  a  Inglaterra  cumpriria  os  seus compromissos  para  com  esse  país  ao    da  letra.  Disse  Chamberlain:

“Não  tenho  o  propósito  de  empregar  muitas  palavras  esta  noite.  Chegou  a  hora  da  ação  (aplausos),  em  vez  de  limitar- nos  a  falar.

“Não  deixamos  passar  por  alto  nenhum  meio  de  fazer  ver  ao  Governo  alemão,  tão  claro  como  a  água,  que  se  insistisse em  empregar  de  novo  a  força  como  fez  anteriormente,  opor-nos-íamos  pela  força,  segundo  havíamos  resolvido.

“Agora,  que  todos  os  documentos  mais  importantes  se  fizeram  públicos,  apresentar-nos-emos  perante  a  História sabendo  que  a  responsabilidade  desta  terrível  catástrofe  recai  sobre  os  ombros  de  um    homem  (grandes  aplausos)

“Não  temos  nenhuma  queixa  contra  o  povo  alemão  (aplausos).  Exceto  que  permite  ser  dirigido  por  um  Governo Nazista.  Enquanto  existir  esse  governo  e  utilizar  os  métodos  de  que  se  vangloria  nos  últimos  anos,  não  haverá  paz  na Europa  (aclamações).

“Estamos  resolvidos  a  pôr  fim  a  esses  métodos  e  se  na  luta  pudermos  restabelecer  no  mundo  as  normas  de  boa    e  da renúncia  à  força,  os  sacrifícios  que  estamos  chamados  a  realizar  encontrarão  a  sua  melhor  justificativa”.

Declaração  de  Hitler:

Berlim,  1 o  de  setembro  de  1939

Hitler  pronunciou  o  seguinte  discurso  no  Reichstag,  em  sessão  extraordinária,  convocada  pelo  Marechal  Goering:

“Membros  do  Reichstag  alemão:  Durante  meses  temos  sofrido  a  tortura  que  o  tratado  de  Versalhes,  para  melhor  dizer  o ditado  de  Versalhes,  nos  deixou,  problemas  que,  com  a  sua  evolução,  tornou-se  insuportável  para  nós.

“Pelo  que  diz  respeito  aos  nossos  objetivos,  primeiramente,  estou  resolvido  a  solucionar  o  problema  de  Dantzig;  em segundo  lugar,  o  problema  do  “Corredor”;  em  terceiro,  conseguir  que  mudem  as  relações  germano-polonesas  de  tal forma  que  tornem  possível  a  convivência  pacífica.  Por  isto,  estou  resolvido  a  lutar  até  que  o  Governo  polonês  se  mostre disposto  a  facilitar  esse  estado  de  coisas  ou  até  que  outro  Governo  polonês  se  mostre  disposto  a  isso.

“Portanto,  vesti  novamente  o  uniforme  que  me  outra  ocasião  foi  para  mim  o  mais  sagrado  e  querido.    o  despirei depois  da  vitória,  ou  nunca  chegarei  ao  fim.

“Portanto,  quero  assegurar  ao  mundo  inteiro  que  novembro  de  1918  não  voltará  a  repetir-se  na  história  alemã.

“...  E  quero  terminar  com  a  declaração  que  fiz  uma  vez,  quando  comecei  a  lutar  pelo  poder.  Disse  então  que  quando  a nossa  vontade  fosse  tão  forte  que  nenhuma  calamidade  a  amedrontasse,  nossa  vontade  e  nosso  aço  poderiam  impor-se  a qualquer  situação  de  constrangimento.

“No  caso  de  em  ocorrer  algo  durante  a  luta,  meu  sucessor  será  o  camarada  do  partido,  marechal  Goering;  seu  sucessor será  Rudolf  Hess.  A  eles  prometereis  a  mesma  lealdade  cega  e  a  mesma  obediência  que  me  prometeram.  No  caso  de suceder  algo  a  Hess  farei  que  o  Senado,  por  meio  de  uma  lei,  eleja  seu  sucessor  entre  os  mais  bravos”.

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